Investigação do PÚBLICO
Reitor Luís Arouca omitiu documentos do dossier da licenciatura de Sócrates
06.04.2007 - 10h02
Ricardo Dias Felner
O dossier de licenciatura de José Sócrates na Universidade Independente (UnI), revelado ao PÚBLICO no dia 16 de Março, não estava, afinal, completo. Embora na altura da consulta — autorizada pelo primeiro-ministro — o antigo reitor da UnI tenha garantido que estava a disponibilizar todos os documentos sobre o aluno existentes naquela instituição, as duas jornalistas do "Expresso" que fizeram a mesma diligência seis dias depois tiveram acesso a outras partes do processo. Por outro lado, pelo menos duas alegadas pautas dadas ao PÚBLICO, e que mostravam notas divergentes com as indicadas no certificado de habilitações do curso, desapareceram do dossier.
As fotocópias fornecidas ao PÚBLICO somavam 17 folhas, delas constando, nomeadamente, para além do certificado de habilitações da universidade e da folha apresentada como sendo um pauta, uma folha com as cadeiras que José Sócrates concluíra ao longo da sua licenciatura e uma certidão das cadeiras completas no Instituto de Engenharia de Lisboa, com a data de Julho de 1996. Nessa altura, questionado sobre se não existiriam outras provas que indicassem, por exemplo, quem haviam sido os regentes das cadeiras concluídas por José Sócrates, o antigo reitor da Independente, Luís Arouca, afirmou taxativamente: “Nós não temos cá mais nada para além daquilo que eu lhe dei”, acrescentando ainda: “Ao fim de cinco anos vai tudo para o maneta”. No dia 22 de Março, contudo, quando duas jornalistas do "Expresso" se dirigiram à UnI para ver o processo, surgiram novas folhas, sem que tenha sido dada qualquer explicação para tal facto. De acordo com uma das jornalistas do "Expresso" presentes nessa consulta — que foi acompanhada por quatro homens, para além de Luís Arouca —, foram revelados, pelo menos, seis novos documentos relativamente ao dossier mostrado ao PÚBLICO. Entre eles estavam cinco alegadas pautas, cada uma correspondendo às cadeiras que constam do certificado de licenciatura de José Sócrates. A de Inglês Técnico aparece com a assinatura de Luís Arouca e as restantes, todas da área das estruturas, com a assinatura de António José Morais. Não foram, contudo, incluídos no dossier mostrado ao "Expresso" outras duas “pautas” reveladas ao PÚBLICO. Nessas folhas, que são uma grelha do plano de curso, com a carga horária e a designação de cada disciplina, foram acrescentadas as notas de Sócrates. Comparadas as notas aí apresentadas com as que constam do certificado de habilitações, conclui-se que as avaliações finais são díspares em três cadeiras. Na disciplina de Betão Armado e Pré-Esforçado, a nota manuscrita é 17 e no certificado é 18. O mesmo sucede na cadeira de Projecto e Dissertação: uma nota de 17 passa a ser de 18. Só a Análise de Estruturas é diminuída a avaliação: de 17, no certificado, para 16, na folha apresentada como pauta. A Inglês Técnico a nota mantém-se.
O dossier de licenciatura de José Sócrates na Universidade Independente (UnI), revelado ao PÚBLICO no dia 16 de Março, não estava, afinal, completo. Embora na altura da consulta — autorizada pelo primeiro-ministro — o antigo reitor da UnI tenha garantido que estava a disponibilizar todos os documentos sobre o aluno existentes naquela instituição, as duas jornalistas do "Expresso" que fizeram a mesma diligência seis dias depois tiveram acesso a outras partes do processo. Por outro lado, pelo menos duas alegadas pautas dadas ao PÚBLICO, e que mostravam notas divergentes com as indicadas no certificado de habilitações do curso, desapareceram do dossier.
As fotocópias fornecidas ao PÚBLICO somavam 17 folhas, delas constando, nomeadamente, para além do certificado de habilitações da universidade e da folha apresentada como sendo um pauta, uma folha com as cadeiras que José Sócrates concluíra ao longo da sua licenciatura e uma certidão das cadeiras completas no Instituto de Engenharia de Lisboa, com a data de Julho de 1996. Nessa altura, questionado sobre se não existiriam outras provas que indicassem, por exemplo, quem haviam sido os regentes das cadeiras concluídas por José Sócrates, o antigo reitor da Independente, Luís Arouca, afirmou taxativamente: “Nós não temos cá mais nada para além daquilo que eu lhe dei”, acrescentando ainda: “Ao fim de cinco anos vai tudo para o maneta”. No dia 22 de Março, contudo, quando duas jornalistas do "Expresso" se dirigiram à UnI para ver o processo, surgiram novas folhas, sem que tenha sido dada qualquer explicação para tal facto. De acordo com uma das jornalistas do "Expresso" presentes nessa consulta — que foi acompanhada por quatro homens, para além de Luís Arouca —, foram revelados, pelo menos, seis novos documentos relativamente ao dossier mostrado ao PÚBLICO. Entre eles estavam cinco alegadas pautas, cada uma correspondendo às cadeiras que constam do certificado de licenciatura de José Sócrates. A de Inglês Técnico aparece com a assinatura de Luís Arouca e as restantes, todas da área das estruturas, com a assinatura de António José Morais. Não foram, contudo, incluídos no dossier mostrado ao "Expresso" outras duas “pautas” reveladas ao PÚBLICO. Nessas folhas, que são uma grelha do plano de curso, com a carga horária e a designação de cada disciplina, foram acrescentadas as notas de Sócrates. Comparadas as notas aí apresentadas com as que constam do certificado de habilitações, conclui-se que as avaliações finais são díspares em três cadeiras. Na disciplina de Betão Armado e Pré-Esforçado, a nota manuscrita é 17 e no certificado é 18. O mesmo sucede na cadeira de Projecto e Dissertação: uma nota de 17 passa a ser de 18. Só a Análise de Estruturas é diminuída a avaliação: de 17, no certificado, para 16, na folha apresentada como pauta. A Inglês Técnico a nota mantém-se.
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