22 julho, 2007

Pantufa negra

20 julho, 2007

Mobilidade e mordomias

Bem! Aquilo que se receava começa a tomar forma! A mobilidade especial chega também aos professores. A partir de Setembro, conforme indica o Correio da Manhã (http://www.correiodamanha.pt/noticia.asp?id=250768&idselect=181&idCanal=181&p=0) os professores com doença incapacitante vão para os disponíveis. Traduzindo, daqui por dois anos estão sem vencimento e provavelmente continuarão doentes e incapazes. Mais uma vez se prova que este governo se rege unica e exclusivamente por razões declaradamente economicistas embora prime em dizer o contrário. (O ministério já veio dizer que não, mas não é nada clara a negação).
E na realidade se calhar preocupa-se com as "pessoas", pois então. Senão vejamos o que reza o recém aprovado estatuto do deputado:


Novo estatuto estabelece assessor individual para cada deputado
SUSETE FRANCISCO

Sem data definida, norma deverá ser aplicada gradualmente
Novo estatuto estabelece assessor individual para cada deputado
Os deputados à Assembleia da República (AR) vão passar a ter um assistente individual. A medida ficou ontem consagrada num projecto de alteração ao Estatuto dos Deputados, que subirá hoje a votação. Sem data para ser aplicada, a norma deverá ser "concretizada gradualmente", com o apoio dos assessores dividido "numa primeira fase" por vários deputados.
A notícia completa fica aqui:
Resumindo vamos passar a ter o dobro dos deputados em cada círculo. Um eleito e outro nomeado pelo eleito. Ou seja a despesa vai duplicar admiravelmente.
Se até aqui os deputados primavam pela pouca capacidade interventiva, pela presença (quando acontecia) no hemiciclo, pelo pouco cuidado na legislação (vejam-se os constantes "buracos" nas leis), pela pouca produção legislativa, etc..., então agora os eleitos pouco farão pois o trabalho será para os "escravos" dos assessores.
A partir de agora, os excelentissimos deputados vão poder dedicar-se a tempo inteiro àquilo que melhor sabem fazer, e para o qual foram formados nas escolas das juves partidárias - a intrigalhada política.

16 julho, 2007

A banhada de Lisboa

Lisboa, capital do defunto Império, foi a votos. E foi a votos por causa das inúmeras trapalhadas construídas não apenas nos últimos 2 anos, mas sim pelo menos nos últimos 10. Trapalhadas essas montadas precisamente pelos mesmos, se não personagens, partidos que agora se apresentaram a sufrágio como os salvadores milagreiros. Mesmo o “independente” Carmona, autor das últimas confusões, disse presente a tão sagrado momento.
E os grandes derrotados foram:
1) Lisboa: entre 1997 e 2007 perdeu 134 452 eleitores, sendo que destes 13 208 foram perdidos nos últimos dois anos.
2) Lisboa: os “suspeitos do costume” voltaram ao local do crime. Não parece crível que quem arranjou as trapalhadas tenha capacidade para as desatar.
3) Lisboa: alguns dos projectos e empenhamentos anunciados parece que são para avançar – frente ribeirinha (J. Miguel Júdice); Gabinete do Chiado (M. José Nogueira Pinto), Parque Mayer e Feira Popular (grande nó cego); terrenos da Portela (e obscuros interesses), etc….
4) Lisboa: com os resultados obtidos a tomada de decisões será muito difícil pois será preciso negociar e muito. Daí que o novo presidente irá certamente utilizar a estratégia da vitimização para nada fazer – a oposição não deixou e não tinha maioria absoluta. Em 2009 então sim, desde que lhe dêem uma maioria absoluta….
5) Os partidos – Os cidadãos de Lisboa resolveram ir a banhos. Para o Algarve e outras paragens. Não se quiseram incomodar. Já sabiam – iriam ter mais do mesmo. A abstenção foi a grande ganhadora. E de que maneira! 62% é obra, é um recado muito bem dado, uma amostra da insatisfação a que os partidos conduziram este povo, e que ele vê e sente que não o representam. Apenas pouco mais 128 000 eleitores deram o seu voto a um qualquer dos 5 partidos mais importantes. Ou seja, apenas 24% do total de eleitores de Lisboa confia nos partidos. É, convenhamos, manifestamente pouco.
6) A grande banhada que foi o discurso de vitória de António Costa acompanhado de José Sócrates, para o “povo” que o vitoriava nas ruas. Foi só para televisão ver. Os alfacinhas seriam poucos. E os eufóricos que agitam a bandeira de tanta alegria vêm de Teixoso, Cabeceiras de Basto e Alandroal. "Não sei ao que vim, ninguém me disse nada", disse uma senhora desdentada do Minho profundo, no Altis.
O resto do país deverá certamente a começar a pensar como os alfacinhas em relação a estes políticos e estes jogos de poder.

13 julho, 2007

Mas que povo este....

Não resisto a publicitar na íntegra um texto de João Paulo Guerra no Diário Económico de hoje (13-07-2007).
Ele aborda integralmente algumas questões significativas da sociedade portuguesa: o sobreendividamento das famílias portuguesas, o gosto pela ostentação e o luxo, uma clara imprevidência en relação ao futuro e um problema cada vez mais notório nesta mesma sociedade: a fome, encoberta ou não, que começa a dar sinais claros da sua existência.
O primeiro aspecto afigura-se dramático - segundo o Banco de Portugal o sobreendividamento vai continuar. Mesmo com os sérios avisos do FMI, nada trava esta ânsia desmedida pelo hiperconsumismo. Já estamos no ponto dos 120 por 100, o que quer dizer que as famílias mesmo que usassem todo o rendimento disponível ainda restariam 20% das dívidas por liquidar. São as prestações das casas, do carro, de equipamentos, de férias, de compras diversas pelo Natal, aniversários, telemóveis, brinquedos, etc..., cartões de crédito a granel, entre muitas outras dívidas. O rendimento das famílias já não chega. A própria DECO já o avisou e alertou para o crescente de casos de famílias insolventes.
Mas ninguém leva isto a sério. A sociedade e as pessoas que a compõem estão mais preocupadas com a satisfação das suas pretensas necessidades (que lhes são incutidas por uma publicidade agressiva, e aceites por um extraordinário deficit cultural que se agrava cada vez mais) que se revelam incapazes de decidir e/ou agir de forma racional/coerente.
A vaidade e a ostentação vai sair muito cara a quem a pratica. Para já é possível que os juros voltem a aumentar duas vezes mais (cerca de 0.5% no total) ainda no decurso deste ano - o que é um aumento de encargos muito significativo. Não será pois de estranhar que a fome ganha contornos mais importantes. É que as pessoas pensam que é mais importante manter o status; e para isso estão dispostas a tudo - mesmo passar fome! O que nos leva ao texto que falei no início:

Fome
Uma cidadã polaca a residir em Lisboa, entrevistada ontem por Adelino Gomes para o Público sobre a vida na capital e as eleições para a Câmara, manifestava o seu espanto pelo parque automóvel dos portugueses.
João Paulo Guerra
“Aonde é que os portugueses, com o que ganham, vão buscar dinheiro para comprar carros tão caros?”. Não sabemos se a senhora polaca lê português e se leu, pelo menos, a edição do Público de ontem, para entender ou para se pasmar um pouco mais sobre este país de mistérios como o da origem do dinheiro para carrões de luxo. É que se leu, poderá ter ficado a saber pelo relatório do Banco de Portugal que o endividamento dos portugueses vai continuar. Como poderá ter tomado conhecimento de uma realidade dolorosa que contrasta com o espalhafato do parque automóvel: há fome entre os pobres e a classe média no distrito de Beja.
E é assim este país campeão das desigualdades: esbanja dinheiro no crédito às aparências e simultaneamente passa fome. E é assim há muito tempo. É de uma trágica ironia que a fome em Portugal se possa, como pode, associar à democracia ou, pelo menos, às políticas de governos democraticamente constituídos: houve fome em Setúbal nos anos 80, há fome no Baixo Alentejo no século XXI. A maioria dos portugueses tem vivido em permanente sacrifício em nome de uma sempre adiada recuperação económica.
Pelo meio de muitos sacrifícios, e de alguma fome, um governo proclamou a descoberta do “oásis”, outro anunciou o “enterro” da “austeridade”. Mas hoje o empobrecimento de uma população já com dois milhões de pobres nas estatísticas avança à desfilada. O que não quer dizer que não haja dinheiro, ou crédito, para um parque automóvel de luxo. A cilindrada de uns é a fome de outros.

10 julho, 2007

Retomando....

Depois de uma pausa de uns diazitos mais ou menos forçada eis que de novo este blog volta às lides artísticas da blogosfera lusa.
Os acontecimentos sobre os quais vale a pena tecer alguns comentários são tantos e tão variados que por si só mereciam uma posta cada um. Mas isso equivaleria a um relevante número de páginas que se revelaria pouco prático.
Destaque para alguma coisas coisas então:
- Na gala das sete novas maravilhas uma houve que não foi contemplada e mereceria ter entrado na compita: a monumental vaia dada por 40 000 pessoas no estádio da Luz a José Sócrates. Houve quem achasse giro. O próprio talvez não....
- Na campanha de Lisboa veio a saber-se que o mandatário de António Costa - José Júdice - tinha sido convidado há uns meses atrás para coordenar o Gabinete da Frente Ribeirinha de Lisboa. Mais um gabinete a atrapalhar a acção da Câmara pois não chegava a ApdL. Também se começam a compreender as cambalhotas do dito cujo ao longo destes tempos. Dele e de outros.
- Por falar nisso também se ficou a saber que Maria José Nogueira Pinto (ex-vereadora do PP no anterior executivo camarário) foi convidada para integrar o Gabinete do Chiado por António Costa. Parece estar a compor-se uma frente tipo antiga Acção Nacional com ingressos tão variados nas bandas do PS. Já não chegavam ex-comunistas e ex-maoistas....
- O governo e os sindicatos afectos à UGT assinaram o acordo final da reforma da administração pública. Quem ficou a perder foram certamente os trabalhadores. A intervenção de Bettencout Picanço no jornal da SIC notícias às 22 horas foi verdadeiramente patética... O secretário de estado João Figueiredo não cabia em si de contente. Será que houve leitão e espumante da bairrada para celebrar o acordo? ou tão só se "esqueceram" algumas coisitas do passado da UGT?
- Os tribunais fartam-se de malhar na equipa do Ministério da Educação! Agora é o pagamento das aulas de substituição que Valter Lemos garantia a pés juntos que não seriam pagas de acordo com a lei. Parece que mais uma vez se enganou.... Já não sei se são figuras tristes ou se fazem triste figura....
- Segundo Vilaverde Cabral a abstenção em Lisboa alcançará valores inauditos.... Não me parece que os candidatos estejam muito preocupados com tal. Quem ganhará com isso? Domingo ao fim da tarde já haverá resposta....
- Para terminar e não menos sério. Já não bastava o Do Portugal Profundo metido a contas com a justiça (e daqui renovo o meu voto de solidariedade). Agora também mais um, o Inapto (http://vbeiras.blogapraai.com/) conheceu o mesmo destino. Isto tá a ficar giro... ai tá, tá....

05 julho, 2007

Mais um tique

Começam a ser preocupantes os sinais que este governo dá de um difícil convívio com aqueles que não gostam da sua actuação. Depois dos casos Charrua, da directora do Centro de Saúde, da sub-região de Saúde de Castelo Branco, do "passeio do descontentamento, de substituições de chefias apresadamente (consideradas normais quando muda a orientação governativa) surge agora esta atitude do governador civil de Braga (não esquecer, representante do Governo no Distrito).
É mesmo caso para perguntar: se fosse uma manif de apoio a Sócrates e ao governo também seriam identificados e indiciados por qualquer crime?
Sócrates e o governo não se dão bem com a crítica. Veja-se a atitude do PM na Casa da Música no Porto no passado domingo. Em vez de estar à porta a receber os convidados preferiu ser o último a chegar (ou quase) e entrar pelas traseiras fugindo à expressão de descontentamento que se encontrava em frente. Serão isto maneiras??


O governador civil de Braga, Fernando Moniz, garantiu, ontem, em Braga, ter participado ao Ministério Público (MP) de Guimarães uma manifestação "ilegal", que decorreu, em Outubro de 2006, aquando da reunião do Conselho de Ministros naquela cidade. Fernando Moniz assegurou que se limitou a cumprir a lei "para evitar que estas situações se repitam". O MP está a investigar o caso.
...................
Os manifestantes foram identificados e pelo menos cinco foram indiciados e podem ser acusados pelos crimes de difamação e injúria. A União dos Sindicatos de Braga assegurou que não convocou a manifestação e afirma que é a primeira vez que uma coisa destas acontece desde o 25 de Abril de 1974.

02 julho, 2007

01 julho, 2007

Atentados, Intentonas e Inventonas

As últimas semanas, e particlarmente a passada, foram pródigas em novidades neste campo.
Falava-se em parangonas na comunicação social que várias cidades europeias estariam na eminência de sofrer um atentado terrorista.
Eis senão quando a comunidade europeia é "surpreendida" por uma tentativa de atentado, abortada a tempo em Londres, com dois carros armadilhados. Os terroristas faziam a vontade aos meios de comunicação e faziam "cumprir" a profecia.
Mas é muito estranho... Deveras muito estranha esta tentativa terrorista. Nem o amador mais amador cometeria erros primários.
Senão veja-se: o carro foi conduzido pelo presumivel terrorista até ao centro de Londres sem qualquer problema ou incidente. Aí chegado desata a bater em tudo quanto era caixote de lixo; estaciona em local óbvio para levantar suspeitas; depois tem a carga letal posta a descoberto (viram-se fotos). Bem um "terrorista" a ser despedido por incompetência.
E nem faltou o polícia "super-herói" para desarmadilhar a bomba na hora!!!
Bem, só faltava por uma bandeirinha a dizer que estava ali a bomba!
Mesmo o IRA não cometia erros tão primários. Do 2º carro não se viu nada!!!
Repare-se que no Iraque não encontram carros armadilhados com facilidade.
Mas há umas coincidências interessantes. O tal "atentado" ocorre a 29 de Junho, um dia depois de Gordon Brown ter tomado posse. São conhecidas as divergências entre Brown e Blair. Este acontecimento poderia ter 2 objectivos: avisar o novo primeiro ministro para não se afastar da linha de Blair ou....; o segundo, colocar o governo britânico de imediato sob "stress terrorista".
Depois surge no aeroporto de Glasgow um carro em chamas contra um dos portões. Mas que diabo de obsessão por aeroportos!!
Bem, depois começou o pânico! Falso alarme em Espanha, Portugal de prevenção, etc... Um "show" enorme em volta do acontecimento da comunicação social. É que já fazia tempo não havia uma animação destas. E é bom recordar ao povo que os terroristas (em especial da Al-qaeda ou outros extremistas islâmicos) existe.
Novos níveis de alerta e mais restrições aos cidadãos.
No mínimo é tudo muito estranho.......
Adenda: Polícia inglesa descobre e faz explodir novo carro armadilhado! «Não há indicação que o veículo contivesse quaisquer explosivos», apontou um porta-voz policial, citado pela cadeia televisiva, dando conta que o cordão de segurança foi imposto por precaução, não adiantando, porém, quando será levantado. Mais uma coisa estranha....

Ingenuidade ou cinismo?

Em entrevista publicada hoje no JN, Maria de Lurdes Rodrigues, Ministra da Educação (para os mais desatentos) deste governo (que nos desgoverna) tece várias considerações que não vêm aqui ao caso.
Mas uma particularmente interessante ressalta e que se transcreve, a propósito do "caso Charrua" e da Directora Regional de Educação do Norte (o negrito é meu):

Considero que a minha responsabilidade é ter particular atenção para que todos os procedimentos, como o direito de defesa, estejam salvaguardados. Depois, a senhora directora regional do Norte é que está a ser acusada e perseguida e não tenho sinais que correspondam às acusações de perseguição política, delito de opinião ou de autoritarismo excessivo. Quando peço contas aos serviços não me dão essas indicações, e na opinião publicada há uma acusação feroz e aproveitamento político-partidário da questão.
Ora bem! Quando a senhora pede contas aos serviços, que esperava que eles dissessem? Os serviços não dirão nem mais nem menos que aquilo que a senhora quer ouvir. Todos os serviços da hierarquia reportam ao superior hierárquico imediato o melhor dos mundos. Nenhum quer ficar mal visto perante o seu superior. Nenhum tem problemas. Apenas os funcionários na base da pirâmide hierárquica sabem o que sofrem para cumprir determinações (muitas vezes estapafúrdias) emanadas do topo da pirâmide, que na maior parte das vezes são decisões tomadas a partir de falsos pressuspostos, informação incorrecta e implementações deturpadas. O feedback que o governante acaba por obter é sempre desfocado e filtrado pelos vários elos da cadeia hierárquica.
Neste caso, se a senhora ministra apenas se fia naquilo que os serviços lhe comunicam elabora em duplo erro. Por um lado demonstra ignorância sobre a forma como o sistema funciona; por outro um autismo confrangedor em relação àqueles que de fora desse mesmo sistema procuram tornar clara realidade existente.
O desfazamento entre governantes e governados é de facto uma realidade. Por isso é que as sondagens são importantes. Por isso os governos desta última geração levam tão a sério a questão das sondagens. Acabam por ficar a governar para elas porque o povo que os elege esse, verdadeiramente, não conhecem.