15 abril, 2007

Cavaco, os outros e o "Dossier Sócrates"

Finalmente a eminência de Belém pronunciou-se não se pronunciando sobre o assunto que vem agitando a comunicação social e a blogosfera nas últimas semanas, o que vem a dar no mesmo. Matéria de debate aceso, com posicionamentos por vezes levados a extremismos, mas com obrigatoriedade de conhecimento e uma forçosa (em muitos casos) tomada de posição.
Da posição oficial dos partidos já se percebeu que não há vontade política de "fazer ondas". Não há, como agora é gíria, vontade de cavalgar a onda. O que, convenhamos, não deixa de ser estranho. Muito estranho, mesmo.
Da chamada "oposição" (oposição apenas por não estar no poder) apenas Marques Mendes (na qualidade de líder partidário) exigiu uma clarificação cabal da situação recorrendo à figura de uma comissão independente. Ficou a falar sozinho. Os barões do PSD não o acompanharam!! Porquê? Rabos de palha?? Talvez não... Marques Mendes deve saber mais que aquilo que diz e isso deve ser fogo mesmo no interior do seu partido....
O PCP e o Bloco de Esquerda estão quietos e calados que nem ratos... Não deixa de ser estranho!! Mas mesmo muito estranho.... Será que esperam, na próxima legislatura, "abichar" uma coligação com o PS? Ou também estarão "entalados" com o caso? Pelo menos sabe-se que o novo reitor da Independente foi eleito, pelo Bloco de Esquerda, para a Assembleia Municipal de Salvaterra de Magos! Haverá aqui trocas?... É que a Câmara de Salvaterra de Magos, em particular a sua presidente (ex-PCP, actual bloquista) é arguida num processo de situações menos claras lá para aqueles lados...
A entourage do Partido Socialista saiu, muito naturalmente, em defesa da sua púdica dama ofendida!
O CDS/PP está também muito sossegado. Andam entretidos com as quezílias internas e não ligam patavina a este caso...
E o presidente da República? No meio disto tudo falou.... e não disse nada! E não dizendo nada disse muito! Típico! Não convém, ou não interessa mexer no caso. Disse Cavaco: «Não acredito que esteja aí o problema mais importante que tenhamos de resolver. (...) Não é concerteza o mais importante para o desenvolvimento do país».
Ora aqui é que bate o ponto!!! Estas foram frases verdadeiramente assassinas para aquilo que se pretende para o futuro: mais do mesmo! Enquanto garante da autoridade do Estado, enquanto representante perante todos nós e perante a comunidade internacional, Cavaco Silva nunca poderia ter dito o que disse. O que ele disse, verdadeiramente, é que quer que isto assim continue. Um atoleiro de corrupção, compadrios, tráfico de influências, prebendas, manigâncias, esquemas estranhos e fraudulentos, negociatas de pacotilha, etc... Não percebeu, nem muitos como ele perceberam, que a razão de todos os nossos males enquanto país, enquanto economia inserida no espaço europeu, enquanto sociedade, reside na nossa classe política que não é exemplo para ninguém. Não está para servir o país... Não tem valores éticos ou morais... Não se preocupam com as pessoas... só os cifrões contam... Preocupam-se antes em cumprir os ditames do exterior.... FMI, OCDE, União Europeia, Bilderbereg.... etc....
É pela mudança radical de atitude da classe política perante valores que deviam ser perenes, inamovíveis e universais como a verticalidade, honradez, solidariedade, a justiça, a clareza de actos, intenções e processos, entre muitos outros que os problemas do país se resolvem.
Ao não ter ainda percebido isto, Cavaco dá-nos a receita de sempre! Os resultados serão sempre os mesmos: nunca sairemos da cepa torta...
Os partidos políticos (verdadeiras escolas de carreirismo político e oportunismos) estão olimpicamente calados e sossegados pois sabem que a alteração do actual modus facciendi significa, inelutavelmente, o seu fim como organizações e carreiras pessoais.
Os nossos "queridos políticos" querem transformar o país numa quinta onde possam passear as suas vaidades.... Mas uma nova consciência começa a nascer neste espaço da "blogosfera". Uma consciência de cidadania. Por isso é que os nossos "queridos políticos" a querem silenciar!
Não podemos permiti-lo!!!

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