21 julho, 2008

Mário Crespo não deixa de surpreender....

Outro texto ainda por aqui perdido...

Antes de férias... que este ano foi "bera" demais....


07 Julho 2008

Mário Crespo in JN


Tempestades de águas passadas...

Nada nos objectivos e missão da Águas de Portugal a capacita para entrar nas ruinosas negociatas internacionais agora denunciadas pelo Tribunal de Contas. O que permitiu esta situação na AdP e noutras empresas públicas foram as interpretações abusivas do seu estatuto autonómico e o laxismo cúmplice de tutelas incapazes.
Foi na década de noventa que se iniciou o baile de máscaras que travestiu empresas do Estado em simulacros de corporações privadas de modelo americano. Houve na altura colossais transferências de Bruxelas para o Banco de Portugal que nos deram dinheiro como nunca se tinha visto. Verbas que a CEE confiava ao executivo português para serem usadas na tão necessária modernização do país.
A Águas de Portugal nasce dessa imensa bonança financeira, exactamente porque era dos sectores mais necessitados de infra-estruturas. E teve muito dinheiro para isso. O suficiente para desviar algum para umas apostas no jogo da roda internacional. A coberto do pretexto de que eram as suas áreas de perícia compraram-se participações financeiras no Brasil, Cabo Verde, Argélia, Angola, Moçambique e onde quer que os aguadeiros estatais precisassem de um parceiro endinheirado, esbanjador e inimputável.
Outras empresas públicas faziam o mesmo com a inebriante liquidez que o ECU nos trazia, e de repente, funcionários públicos mascarados de gestores privados passaram gerir esses sectores do Estado opados com dinheiros comunitários e a comportar-se como magnates num confortável jogo de monopólio com dinheiro a sério, que não era deles e que e parecia inesgotável. No processo foram desbaratando activos que são propriedade do povo português.
Foi nesse período que a PT, à força de ECU, derrotou telefónicas muito mais experientes e financeiramente estruturadas, numa doida corrida para comprar uma empresa de telecomunicações brasileira que Belmiro de Azevedo identificou logo, na OPA, como sendo o calcanhar de Aquiles da telecom lusa. Foi também nesse período que o próprio Banco de Portugal, num dos mais desastrados investimentos na nossa história, apostou reservas de ouro nacionais em acções de altíssimo risco que eram oferecidas em Wall Street aos apostadores mais ousados.
Tavares Moreira, então governador do Banco de Portugal, acreditou na Dona Branca americana que se chamava Michel Milken e prometia rendimentos miríficos. Milken acabou na cadeia. Portugal perdeu não se sabe ao certo quanto, mas foi o suficiente para fazer notícia numa edição da Newsweek.
Já se passaram mais de vinte anos sobre estes desastres financeiros, mas eles estão bem contabilizados no défice das contas públicas que andamos a equilibrar à custa de maternidades e escolas encerradas, pensões de reforma proteladas e desemprego, porque não há dinheiro.
Um pormenor importante: as alterações do estatuto das empresas públicas que lhes deram esta latitude e impunidade para esbanjamento do património nacional verificaram-se entre 1985 e 95. Era primeiro-ministro o professor Aníbal Cavaco Silva. Tudo o que veio depois é consequência de um modelo tragicamente errado.

20 julho, 2008

Ainda a propósito da mentalidade tuga...

Completando com uma notícia "fresquinha" do DN (link acima) a propósito da mentalidade dos portugueses fica um pouco este retarto captado por alguém que contacta diariamente com as situações de pobreza. Não será certamente um exclusivo nacional, mas este manter de status, este viver das aparências, o viver acima das posses e a falta de siso são típicos de alguém que saiu da pobreza, ficou deslumbrado e para lá não quer voltar. São típicos de quem não percebeu, ainda, que o sonho acabou...


Começa a afectar pessoas que viajam para estrangeiro, mas passam fome

Dezenas de pedidos de ajuda têm chegado todas as semanas à UMP

Aos emails da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) chegam todas as semanas dezenas de pedidos de ajuda alimentar. Pessoas que evitam revelar o menos possível sobre si próprios e pedem ajuda para atravessar o período difícil que se vive e matar a fome.

Quem o diz é Manuel de Lemos, presidente da UMP, que alerta para este novo padrão de pobreza que foge ao típico retrato dos pobres conhecido em Portugal. "São pessoas com um perfil diferente, que não vivem na miséria, mas estão à beira de entrar na pobreza", explicou ao DN, acrescentando que este é um fenómeno que se veio a sentir desde o início do ano, quando se intensificaram os problemas económicos.

"Não estamos a falar de idosos, dos típicos desempregados, mas de pessoas com menos de 40 ou 45 anos que se calhar não deixam de pagar a netcabo nem desmarcam as férias na agência de viagens mas passam fome", conta Manuel de Lemos, que diz que ao seu próprio email já chegaram dezenas de pedidos de ajuda.
Mais adiante, outra responsável:
...são pessoas que viveram durante algum tempo acima das suas possibilidades, se endividaram em grande escala e estão agora aflitas com a subida das taxas de juro, do preço dos combustíveis e do custo dos alimentos.

18 julho, 2008

Mais uma que andava por aqui perdida

Acho que são desnecessários quaisquer comentários...
Uns são filhos, outros enteados....
Deve ser pelos elevados ganhos de produtividade desta "corporação".

Estado vai pagar escola de filhos de diplomatas
Novo estatuto da carreira diplomática prevê cobertura integral das despesas com educação dos filhos menores
Por: Redacção / SM

O novo projecto de decreto-lei sobre o estatuto da carreira diplomática, que está a ser preparado no Ministério dos Negócios Estrangeiros, integra um artigo que diz que «os diplomatas têm direito ao reembolso integral mensal das despesas com a educação dos filhos, dos adoptados e dos enteados, menores de 18 anos».
A notícia é avançada pelo DN, que teve acesso ao diploma, e adianta que as despesas incluídas são «as resultantes da matrícula, inscrição e propinas em escolas de sistema de ensino internacional».
Segundo o jornal, mesmo em território nacional os filhos dos diplomatas têm este privilégio porque são «obrigados a frequentar em Portugal os mesmos sistemas de ensino de língua estrangeira que frequentaram no estrangeiro ao longo da carreira do progenitor diplomata de carreira».

11 julho, 2008

O "tuga"

É clarinha como água a magnífica crónica de Baptista Bastos de hoje no Jornal de Negócios. Faz falta uma análise séria ao conformismo português. Ao modo de ser e estar. Como pensa? Que espera? Quem é?
Era bom que o debate se recentrasse um pouco neste ponto! Quanto mais não fosse para que saibamos o que poderemos ser! Sem este conhecimento de base, real, como em tantas outras coisas, tudo o que corra a jusante mais não é que ficção! Contos de fadas! E as surpresas acontecem ao virar de cada esquina. É que ignorando as capacidades, as aptidões as aspirações, numa palavra, o ser tuga, tudo quanto se construa/cogite não passa de miragem.
Sabe pouco de si próprio, o português médio. O português médio deixou de ser povo; transformou-se em população. Assim como o conceito de comunidade se converteu na noção de sociedade, mais consentânea com a ligeireza dos tempos e a futilidade de quem estatui estas coisas.
Não é, somente, um problema de se conhecer o idioma: sim uma espécie de oligofrenia que, devastadora, está a fazer do português médio um ser abúlico. De vez em vez, quando lhe tocam no ordenado ou ameaçam tripudiar sobre os seus direitos mais elementares, o português médio rebela-se. É sol de pouca dura, porque os seus protestos não possuem substância "política", são meras irritações "sociais." O português médio está "portugalizado"; quer-se dizer: faz que anda mas não anda. Perdeu alguma coisa daquela energia vital que, em tempos, fez de um território uma nação e de uma nação um testemunho moral e uma evidência medular.
Subserviente, o português médio perdeu, no camaleonismo, a grandeza que o fazia inventar, e a ousadia que era outra forma de identificação própria. Não lê, não estuda, não reflecte, não actua em função do conhecimento das coisas e da vida, sim impulsionado por emoções extremamente frágeis. O videirismo é a filosofia do momento. A ausência de carácter, uma permanência avassaladora. E estas ruínas morais são apadrinhadas pelos poderes fácticos, entre os quais os da Imprensa, das rádios e das televisões. É perigoso generalizar (eu sei); porém, ignorar a extensão da desvergonha configura uma abjecta cumplicidade.

10 julho, 2008

A ironia das coisas no futebol

Um texto delicioso de João Paulo Guerra no Diário Económico. A propósito de futebol, de justiça e de tretas de igualdade. Deliciosa a parte final a recordar o célebre caso Mateus, e a descida do Gil Vicente que parece já ter sido esquecido. Li algures (esta memória está cada vez pior, também), que a justiça desportiva italiana em menos de 3 meses resolveu o seu caso de corrupção, castigando a poderosa Juve com a descida de divisão e penalizando o sagrado Inter com 20 pontos negativos. No mesmo local dizia-se que a FIA (Federação Internacional de Automibilismo) retirou o título mundial de construtores de F1 à McLAren, entragando-o à Ferrari (para laém de uma multa de 15 milhõe, creio) numa reunião que durou 12 horas. A prova de espionagem feita pela McLaren sobre a Ferrari foi produzida com base em e-mails trocados e escutas telefónicas. E já tá! Nem mais. Paga e não bufa! Nem protesta nem esboceja qualquer gesto!
Mas só num país como Portugal, com leis como as que temos, com gente que vive à pala de todo este sistema, seja no futebol, na economia, na vida, é que se pode assistir a este espectáculo. A insuspeita OCDE disse em relatório há uns anitos atrás que o estado da justiça portuguesa, com a sua morosidade, burocratices, excessos de garantismos e outras patetices do género era responsável, só por si, por uma quebra de 12% do PIB! E o que é que se fez? NADA! Continua-se a dar de comer a muitos à pála de tal.
Fica a crónica de J. P. Guerra. É certamente bem melhor que esta minha prosa deslavada.

Asterisco
A diferença entre o futebol e o chamado “futebol português” é que em Portugal a bola não é redonda, não são apenas 11 de cada lado e a modalidade não se joga num campo aberto mas nas alfurjas dos interesses.
João Paulo Guerra
E é assim que, pela segunda vez nos últimos três anos, o sorteio do campeonato de futebol se faz com clubes com asterisco, que disputarão ou não a competição consoante se resolvam casos de polícia. Um caso semelhante ao do “Apito” português resolveu-se em Itália em três meses. As instâncias do futebol pediram certidões de processos judiciais em curso, julgaram, condenaram e executaram as sentenças que os arguidos acataram e cumpriram. O processo italiano começou depois do “Apito” português e os clubes castigados já cumpriram os castigos. Por cá, é o que se tem visto, pelo meio de muita poeira lançada para o ar e para os olhos da opinião pública. Por exemplo: todos os agentes da bola e dos interesses clubistas consideram agora muito natural que uma equipa e um dirigente punidos pela justiça desportiva recorram para os tribunais administrativos e interponham providências cautelares. De facto, esta deveria ser a regra pois o recurso à justiça é um preceito dos estados de direito e não há, ou não deveria haver, estados dentro do Estado em Portugal. Deveria ser a regra mas não é. Em Portugal as regras têm duas caras e os regulamentos duas faces.
E acontece que foi precisamente por recorrer aos tribunais judiciais no chamado “caso Mateus” que o Gil Vicente foi punido com a despromoção na época de 2006/2007.
Entretanto, o chamado “futebol português” conquistou um título com todo este enredo: deixou de ser uma simples vergonha nacional para passar a ser uma vergonha internacional.

Assim também eu era investidor...

30-06-2008 - 17:46h
Saúde: privados são melhores graças ao financiamento do Estado
Relatório do Observatório Português dá conta da melhor qualidade dos serviços privados e do pouco investimento no sector público
As conclusões do Relatório de Primavera 2008 do Observatório Português dos Sistemas de Saúde, apresentado esta segunda-feira em Lisboa, apontam para uma «maior qualidade» dos serviços de saúde privados, possibilitada pelo financiamento «quase na sua totalidade» por parte do Estado, refere a Lusa.
«O sistema privado de saúde em Portugal continua, quase na sua totalidade, apenas a ser viável se financiado pelo Estado», pode ler-se no relatório. O problema, «porque os recursos são escassos», acaba por ser a consequência directa deste facto, pois o Estado acaba por «não investir no sector público».
«A geometria dos sectores público e privado está a alterar-se de uma forma significativa. A oferta privada é agora mais abundante, geralmente de maior qualidade e, em alguns casos, tecnologicamente apetrechada, ao mesmo tempo que o sector público se tende a organizar em termos jurídicos, com vista a uma melhor gestão conducente a melhores cuidados e resultados em saúde», explica o relatório.
Ministra faz negócio à custa da saúde dos portugueses
O documento alerta ainda para a «fuga de profissionais do sector público para o sector privado» e para «a prática governativa da saúde», que se preocupa demasiado com a «resolução de problemas pontuais» e não a longo prazo: «Daqui a poucos anos não haverá recursos humanos para manter o serviço público de saúde».
Os autores do relatório deixam o aviso: «Não são de certeza as formas contratuais que pouco a pouco se vão instalando nos hospitais públicos que vão criar condições para a fixação de profissionais necessários ao serviço público». O documento refere ainda a evolução «francamente favorável» dos tempos de espera cirúrgica.
Abertura das Unidades de Saúde Familiar foi «inconsistente»
O relatório do Observatório Português dos Sistemas de Saúde analisou também a reforma das Unidades de Saúde Familiar (USF) e considera que «não existiu um trabalho consistente na sua abertura ao longo do ano» de 2007.
Segundo o documento, apenas 13 por cento da população sentiu os efeitos positivos da reforma: «Obriga a uma maior celeridade e abrangência da implementação, sob pena de se gerarem fenómenos de iniquidade no país, compreensíveis num momento inicial, mas que não poderão perdurar por muito mais tempo».
A «verdadeira reforma» terá de ultrapassar a mensagem de extinção das sub-regiões de saúde, cujo resultado foi «a saída de muitos profissionais e a grande desmotivação da sua maioria». O relatório aborda ainda a questão das Parcerias Público-Privadas, considerando que «a exclusão da gestão clínica privada na rede hospitalar pública a construir através destas parcerias poderá ser desmotivadora do interesse dos grupos financeiros que têm sido constituídos no nosso país».

09 julho, 2008

Mais do mesmo....

Como se costuma dizer - "A oeste nada de novo..."


15-01-2008

Questionada depois pelos deputados do PSD sobre as funções do Estado, Manuela Ferreira Leite respondeu que começaria por privatizar «aqueles sectores em que os privados já estão, como a saúde a educação».
«São dois sectores em que não vejo porque é que o Estado não se retira», disse, referindo que «antes pelo contrário, [o Estado] cada vez está a entrar mais».
A social-democrata assinalou que «os privados já lá estão», na saúde e na educação, e ressalvou que «deve haver regulação de forma a não permitir que as leis do mercado alterem as necessidades sociais».
Na sua opinião, «tudo o que é empresas públicas, sector empresarial, não há nenhum motivo para estar com o cunho público». A ex-ministra das Finanças manifestou, contudo, dúvidas sobre a privatização do sector dos transportes.

Fim de pausa

Finalmente um pouco de alívio no sufoco que foi o final de um ano lectivo. Muita tralha à mistura: exames, reuniões, trabalhos académicos para desenvolver (com alguma urgência), trabalhos que cairam do céu com o rótulo de emergência, papelada para despachar, assuntos pessoais pendentes há "canos"...
Pelo meio foram-se tomando umas notas e guardando uns arquivos. Postam-se aqui e agora alguns. Provavelmente, se calhar, já "démodés" mas mesmo assim creio que com interesse. Vão-se pondo aqui. Ficarão, na pior das hipóteses, para memória futura.