27 setembro, 2007

Eu não acredito que há bruxas, mas que as há... há

De acordo com este organismo não governamental a coisa está a complicar-se. Devem ser efeitos secundários do $IMPLEX...
A publicação do novo código do processo penal vem dificultar ainda mais o combate à corrupção. Sabe-se que é um crime de difícil prova, que exige uma longa, aturada e porfiada investigação, meios e tempo. Algo que o novo cófdigo não concede.
Mas isto da corrupção é uma coisa que toda a gente sabe, e comenta à boca pequena. E todos nós cometemos o nosso pequenino acto de corrupção num qualquer momento da nossa vida.
Está na massa do sangue latino. E infelizmente, da mesma forma como se perdoa essa pequenina corrupção, alarga-se o perdão aos grandes casos envolvendo gente graúda...
"Oh mores...."



Corrupção aumenta no Estado português
Função pública e políticos menos transparentes, indica um estudo internacional Portugal está no grupo dos 30 países menos corruptos, mas caiu duas posições e está agora mais distante dos países mais transparentes. A Transparency International é uma prestigiada organização não governamental que avalia o nível de corrupção nas administrações públicas.
SIC


O último relatório inclui 180 países, no caso de Portugal conclui-se que a corrupção na administração do Estado está a aumentar. Numa lista de 180 nações, o Estado português é o 28º menos corrupto, aas Portugal caiu duas posições e está agora a maior distância dos mais transparentes. Nova Zelândia, Dinamarca e Finlândia. Por cá, funcionários públicos e políticos são mais vulneráveis que nos restantes países da Europa Ocidental. Portugal está ao mesmo nível que a Estónia e a Eslovénia. O estudo da Transparency International avalia os abusos dos serviços públicos em benefício de interesses privados através de subornos ou pagamentos irregulares. Analisa também a solidez das políticas anti-corrupção. Aparentemente, em Portugal, os favorecimentos ilícitos estão a aumentar.

22 setembro, 2007

17 setembro, 2007

Onde? Onde? Em Portugal?

Contas públicas em ordem, crescimento em cadeia superior à media da Zona Euro, "gestão criteriosa do Serviço Nacional de Saúde (SNS)", melhor educação, mais apoios às famílias, um sistema justiça mais célere e uma administração moderna amiga dos cidadãos. Foi desta forma que José Sócrates pintou o país "das oportunidades", sábado durante a abertura do fórum Novas Fronteiras.
Bom, das duas uma: ou o homem vive cá e anda enganado, ou está a falar de outras bandas.
Aonde chega a cegueira!! Haja Deus!! Será possível que ele acredite minimamente no que debitou? Será que há gente que acredita piamente nestas atoardas?
De facto,
Isto não é um país, é um sítio mal frequentado!!

O interesse no desmantelamento da Administração Pública

Perante os primeiros números que começam a surgir, ainda que de forma indirecta, da célebre reforma da Administração Pública, fica claro que o grande objectivo desta reforma é tirar do estado (isto é, de todos nós, em última instância) para dar aos privados. Nem que para isso saia mais caro. O Estado não quer é ter despesas com pessoal. Paga, simplesmente, e não bufa.
Esta vem na linha de outras notícias já anteriormente publicadas e que não deixam de ser complicadas de entender. Também das contas do Estado, as despesas com pessoal aumentaram (e não foi pouco)!
Mas como é possível se:
- Não terá havido novas admissões na função pública (ou a haver terão sido na base de 2 saídas e 1 entrada);
- As carreiras estão congeladas há 2 anos e meses, portanto não há progressões;
- Os aumentos anuais têm sido aquilo que não se vê!
- Saem por ano cerca de 20 000 para a aposentação, mais aqueles que o fazem voluntariamente.
Expliquem-me então como pode aumentar a despesa com pessoal!



2007-09-17 - 00:00:00
Função Pública: Sindicato denuncia - Governo aumenta gastos com serviços

Pedro Catarino
O Estado está a dispensar funcionários para adquirir serviços. O Estado está a reduzir o número de funcionários públicos, mas depois adquire os serviços a empresas privadas, acabando por não cumprir o objectivo de reduzir as despesas. O Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE) fez as contas e concluiu que as despesas com aquisições de serviços aumentaram 19 por cento no primeiro semestre deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado.

Até Julho último, a despesa com aquisição de serviços atingiu os 387 milhões de euros, segundo o STE que baseou as suas contas nos dados compilados no Boletim de Execução Orçamental e na Conta Geral do Estado. De acordo com a associação sindical, “o contraste vem ao de cima quando o total da despesa corrente primária [sem juros] cresceu 3,9% e os encargos com salários praticamente estabilizaram”, com uma subida de apenas 0,6%.
“Num período em que se deseja economizar gastos públicos, colocando trabalhadores da Administração Pública na mobilidade especial, torna-se chocante a utilização de recursos públicos, provenientes dos impostos dos portugueses, para aumentar a despesa na aquisição de muitos serviços outrora desempenhados por aqueles”, lê-se no comunicado que a organização presidida por Bettencourt Picanço enviou ao Correio da Manhã.
O Boletim de Execução Orçamental mostra que, no primeiro semestre do ano e em termos homólogos, a despesa com a aquisição de serviços aumentou 104,7 por cento no Ministério da Justiça, 42,9% nos Negócios Estrangeiros, 28,8% nas Obras Públicas, 22,7% na Agricultura e 21,8 por cento na Defesa Nacional. Nem o Ministério das Finanças – responsável pela Reforma da Administração Pública – poupou na aquisição de serviços, tendo esta despesa aumentado 9,1 por cento.
O STE estima que os gastos com a aquisição de serviços mantenha a trajectória ascendente durante o resto do ano, o que para a organização não seria necessário se não se colocassem os funcionários em mobilidade. “A generalidade dos trabalhadores da Administração Pública possui as habilitações necessárias para executar essas tarefas e tem pelo menos a mesma competência dos trabalhadores dos serviços privados”, adianta o sindicato.

OUTROS TRABALHOS' LIDERAM

Ao desagregar-se a despesa com aquisição de serviços, a rubrica que maior aumento registou foi a de ‘Outros Trabalhos Especializados’, com um aumento de 75 por cento. O segundo lugar pertence à ‘Assistência Técnica’, com 46,8 por cento, seguido por ‘Outro Serviços’ (37 por cento) e pelo item ‘Estudos, Pareceres, Projectos de Consultadoria’ (24,2 por cento). De acordo com as contas do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado, “a despesa prevista para o conjunto das duas rubricas para 2007 em ‘Outros Trabalhos Especializados’ e de ‘Outros Serviços’ tem um peso de um terço do total”.
A estrutura sindical revela que este gasto tem uma importância significativa nos ministérios da Administração Interna, da Defesa Nacional e do Ambiente. Esta não é a primeira vez que os sindicatos da Função Pública alertam para o facto do Estado estar a reduzir o número de funcionários para gastar ainda mais a adquirir os serviços a empresas privadas. A questão tem sido denunciada tanto pelo STE, como pela Frente Comum, mas esta foi a primeira vez que o sindicato fez as contas para apurar quanto se estava realmente a gastar a mais com a contratação de serviços até aqui desempenhados pelos funcionários públicos.

14 setembro, 2007

Uma carta - No lo consientas

No lo consientas
MIGUEL IBÁÑEZ/PROFESOR DE ENSEÑANZA SECUNDARIA

(Carta de un profesor veterano a un profesor joven)



Ya habrás notado que últimamente estamos de moda. Se habla de nosotros a todas horas, pero no por los excelentes resultados de nuestros alumnos ni porque las autoridades educativas hayan decidido que los institutos vuelvan a ser lugares de estudio y de trabajo, no. Desgraciadamente, los resultados de nuestros alumnos son más bien mediocres, y a nuestras autoridades les preocupan más la educación afectivo-sexual, el multiculturalismo y el pacifismo -por citar algunas de sus obsesiones habituales- que la física o la literatura.

Por qué estamos de moda, ya lo sabes. Una sociedad que ha consentido y alentado el desgobierno en las aulas ha descubierto ahora que hay alumnos que maltratan a los profesores, y con la misma mezcla de hipocresía e histeria con la que antes impulsó el tópico del profesor-verdugo impulsa ahora el tópico del profesor-víctima. De pronto hemos cambiado de malo en esta película de la educación, que sigue sin interesarle a nadie. Parece una de aquellas películas de Kung-Fu: el público bosteza cuando nos ponemos serios y sólo mira cuando hay tortas.

Afortunadamente, tú trabajas en Disneylandia. Te lo digo en serio. Cantabria es en general la autonomía de la 'Señorita Pepis', y no iba a dejar de serlo en esto de la educación: aquí la violencia es menor, los conflictos de menos intensidad y los problemas se disuelven en una amable indiferencia tediosa que a mí, por cierto, no me disgusta. Ojalá sigamos así.

Y expreso ese deseo porque ha sido así hasta ahora, pero eso no quiere decir que siga siendo así en el futuro. Que no lo sea depende de nosotros. De ti y de mí, quiero decir. Por eso me he permitido escribir estas líneas, estos consejos de compañero a compañero, sin querer dármelas de experto.

Para empezar, no consientas ninguna falta de respeto. No esperes al insulto, no tienes por qué tener tanta paciencia: las malas contestaciones, las malas caras y los gestos desabridos están fuera de lugar desde el primer día. Házselo saber así a tus alumnos, y si no lo entienden haz que se lo explique algún miembro del equipo directivo. Los compañeros del equipo directivo están para recordarte a ti tus deberes -ser puntual, claro en tus explicaciones, objetivo en tus correcciones, etc.- y a los alumnos los suyos. Cumple tú en primer lugar, por supuesto, pero no hagas el primo: no seas tú el único que cumple.

No consientas que te marginen. Estás dentro de un sistema en el que todo tiende a culpabilizarte, aislarte y marginarte. Directa o indirectamente te dirán que en el fondo la culpa de que los alumnos se porten mal es tuya, porque no has sido lo bastante lúdico ni lo bastante participativo ni lo bastante comunicativo como para motivarlos. A veces fingirán que te dan la razón mientras te sugieren que deberías cambiar de estrategia educativa, ser más cordial, pactar las normas de comportamiento, etc. Pero recuerda que tú eres un profesor, no un animador cultural ni un monitor de tiempo libre. ¿Has preparado tus explicaciones como es debido? ¿Has atendido las dudas de los que sí estudian? ¿Has mandado hacer ejercicios que refuercen tus explicaciones? ¿La materia que has impartido está dentro del programa del curso? Si has respondido afirmativamente a las preguntas anteriores no tienes por qué parecer culpable: no lo eres.

No consientas que te enreden. La jerga pedagógica se basa, como todas las seudociencias, en el manejo de un vocabulario abstruso, para dar la impresión de que el que lo usa está investido de una autoridad esotérica e indiscutible. Pero te aseguro que no hay más ciencia en la pedagogía moderna que en la astrología, y al igual que en la astrología o la ufología no hay en esa engañifa más que falacias, experimentos trucados, subjetividad teñida de supuesta sapiencia y abracadabras. Tú sí eres el dueño de una ciencia concreta, la que tú enseñes, y del sentido común acumulado por muchas generaciones a la hora de educar. Para ser un buen profesor no necesitas más que esas dos cosas.

No consientas que te paralicen. Cuando te ocurra algún incidente sé activo y no te quedes callado, no te hagas el muerto a la espera de que pase el peligro porque con esa actitud lo estás volviendo a provocar. Están los compañeros, para empezar: seguro que más de uno ha tenido los mismos problemas que tú con los mismos alumnos. Habla con ellos, pero no para desfogarte en la sala de profesores sino para tomar juntos la decisión de hacer algo, y verás hasta qué punto la firmeza serena y constante de un grupo puede más que la obstinación de un solo profesor. Reúnete con los compañeros, tomad decisiones concretas y planteadlas en el claustro, formad grupos de apoyo -no de lamentación- y actuad.

Después están los sindicatos. No te rías, no. Yo estoy en uno, y tú deberías estar afiliado a uno si no lo estás, y pagar tu cuota para que puedas exigirle a tu sindicato que te defienda si ha llegado ese momento. Plántate en el sindicato y recuérdales a tus compañeros liberados que no están allí sólo para asuntos de nóminas, traslados y sexenios. Si les hablas de dignidad profesional, orgullo y derechos del profesor tal vez te entiendan mejor de lo que habías pensado.

También están las leyes. Deja de reírte ya y escúchame, por Dios. Ya sé que un garantismo estúpido ha convertido al alumno en el pobre menor indefenso al que hay que proteger del profesor a toda costa, pero en esas leyes también tú tienes derechos, aunque haya que buscarlos con lupa. Que el abogado del sindicato se ponga al microscopio, que algo encontrará. Y tú no te olvides de dar parte por escrito de cualquier falta de respeto, insulto o agresión, así de todo eso habrá quedado constancia cuando lo necesites. También está la opinión pública. Hasta ahora lo normal era que desde el propio centro se hiciera lo posible para ocultar estas cosas, como en las familias decentes cuando el señorito tenía un desliz con la criada. Pero tú no te dejes impresionar por argumentos decimonónicos: el buen nombre de un centro no puede basarse en el disimulo. ¿No te piden a todas horas que seas moderno? Pues sé moderno y denuncia en público, si tu caso ha sido lo bastante grave haz que los medios de comunicación se interesen, y tal vez así consigamos llegar algún día a la segunda fase, esa que sucede a la noticia, la de la reflexión y el análisis.

Sea como sea, no te calles: con tu silencio te perjudicas, me perjudicas a mí y perjudicas a todos tus compañeros.

Y por último, recuerda que en todo esto los menos culpables son los alumnos. Los han dejado solos, abandonados a su impulsividad adolescente sin que nadie se tome la molestia de educarlos, condenados muchos de ellos a vegetar en un sistema educativo que considera injusto y desigual enseñarles un oficio y por eso los han encerrado en las aulas contigo para que les expliques materias que no entienden ni les interesan. Y a ti, que querías ser profesor, te han encargado que los tengas guardados para que no molesten en la calle ni en su casa.

Tú puedes rebelarte con conocimiento de causa, sabes el porqué y el cómo, ellos no. Así que tuya es la responsabilidad de acabar con esto. Como profesor no consientas ninguna falta de respeto. No esperes al insulto, no tienes por qué tener tanta paciencia: las malas contestaciones están fuera de lugar desde el primer día

Depois queixem-se

O que o antigo bastonário da Ordem dos Advogados diz devia, pelo menos, fazer pensar toda a gente. Mas parece que não. Há por aí alguém muito contente com estas trocas e baldrocas na justiça e nos códigos. A coisa está mesmo feita à medida de alguém, que se presumem ser os suspeitos do costume, nestes casos.
É absolutamente indecoroso aquilo que se passa no campo da justiça. A suposta separação de poderes vai toda para as urtigas para não dizer às malvas. E os "comentadeiros" do costume desta vez até parece não terem matéria para opinar. Andam entretidos com o caso Mcann.
Ou então não convém que mexam nisto, senão lá se vai a prebenda....
A mentira pegada que é este desgoverno continua. A factura, pesada, virá lá mais para diante. Nessa altura, se calhar, será tarde demais para protestos....
(A entrevista saiu co Correio da Manhã. Os sublinhados são meus)

António Pires de Lima
Há um senhor sentado no lugar do ministro da Justiça

Sérgio Lemos


Correio da Manhã – Disse recentemente que com a nova Lei de Política Criminal “há-de dominar um Ministério Público instrumentalizado ao serviço do Parlamento”.
António Pires de Lima – Quando a política criminal é definida periodicamente pelo Parlamento, de dois em dois anos, dando orientação ao MP daquilo que tem prevalência sobre outras coisas, obviamente que está a torná-lo um mero instrumento dessa política, quando este deve ser uma entidade isenta para a descoberta da verdade naquilo que entende que deve descobrir a verdade, regendo-se pelo princípio da legalidade.
– Receia que esta Lei acabe por levar à violação do princípio da separação de poderes?
– Vai, de certeza absoluta. Amanhã, quando houver um problema de viagens falsas, em vez de se caminhar para a prescrição – como da outra vez, com o senhor procurador-geral da República (PGR) de então a pedir desculpa ao senhor presidente da Assembleia da República por um seu colaborador ter tido a ousadia de ir lá fazer as notificações – basta que a Assembleia da República diga que um acto não pode ser investigado porque não é oportuno.
– Acha então que esta Lei pode permitir restrições nas investigações que envolvam políticos?
– Se amanhã acontecer isso, não me admiro. Vejo o Parlamento, pela sua maioria, a querer dominar situações do próprio MP.
– Disse que o Governo utilizou “mentiras” para fundamentar a reforma na Justiça.
–Repare só na desconsideração que revela o legislador, não só pelo público mas fundamentalmente por aqueles que trabalham com as leis, como o Código Penal e de Processo Penal: essas disposições legais foram publicadas há dez dias no Diário da República para entrarem em vigor no dia 15. É uma desconsideração por todos nós, praticada por indivíduos que são ignorantes por natureza, como o senhor Presidente da República (PR), que não faz a mínima ideia do que está a fazer. Uma pessoa que assina uma Lei destas, permitindo que entre em vigor 15 dias depois, não faz a mínima ideia. É uma desconsideração do PR, por ignorância, e do primeiro-ministro, por má-fé. O senhor primeiro-ministro tem dado um espectáculo de mentiras e falsidades. Só um indivíduo inábil para o exercício da actividade governativa faz uma coisa destas.
– Mas a situação é prejudicial também para os advogados, que têm estado em silêncio...
– Isso para mim é uma surpresa extraordinária. Como é que é possível não ouvir dos colegas que estão na Ordem uma expressão de desagrado? É impressionante... é de um carneirismo terrível e é uma desconsideração. É por isso que os advogados se têm afastado da Ordem.
– Esperava outra atitude de Cavaco Silva?
– Esperava que o senhor Presidente da República, que tanto quis ser, tivesse uma posição sensata.
– Que apreciação faz do trabalho do dr. Rui Pereira como coordenador da reforma penal?
Sobre o dr. Rui Pereira não falo porque uma pessoa que considera honroso ir para o Tribunal Constitucional (TC) e que, três semanas depois, aceita ser ministro, não tem consciência do que é um tribunal e o respeito que deveria ter pelo tribunal. Transformou o TC numa comissão política constitucional. Não discuto a sua capacidade e competência. Agora gaba-se de que houve poucos incêndios, mas realmente com o tempo que nós temos tido até me admiro que qualquer coisa arda.
"ISTO É O CAMINHO PARA UMA DITADURA"
CM – Qual é a sua opinião sobre as alterações às leis penais?
A.P.L. – Há três coisas que já se nota nos novos códigos: o disparate de pôr em vigor coisas importantes com um curto prazo; o problema do regime prisional – daqui a um ano vamos ver como está o País em termos criminais e veremos se não foi só uma medida economicista que agrada ao senhor primeiro-ministro. Mas ainda há uma terceira coisa que é a mais grave: a desigualdade criada entre determinadas entidades. Se houver um problema de segurança no trabalho que provoque uma situação grave para um trabalhador, a pessoa colectiva pode sofrer uma penalidade. Pelo contrário, se for uma entidade pública nem sequer uma injunção. Admitia que não fosse possível dissolver uma câmara municipal por esse motivo, mas era com certeza possível penalizá-la exemplarmente do ponto de vista material. Isto é um sinal evidente daquilo que tenho vindo a defender, embora as pessoas não acreditem: isto é o caminho para uma ditadura.
"NÃO HÁ MINISTRO DA JUSTIÇA"
CM – Que balanço faz do trabalho do ministro da Justiça, Alberto Costa?
A.P.L. – Não há ministro da Justiça. Há um senhor que está sentado no lugar que é do ministro da Justiça, o que é completamente diferente. A coisa é de tal maneira... Este ano foram alterados o Código Penal, Código de Processo Penal, Código de Processo Civil, Sociedades Comerciais, Notariado, Lei do Arrendamento. Há alguma coisa que justifique uma mudança de princípios, uma alteração desta natureza?! Em Agosto, entre o dia 17 e o dia 24, foi alterado duas vezes o artigo 158 do Código Civil. Alteraram duas vezes o mesmo preceito sobre a constituição de fundações. Porquê? Numa das vezes porque o senhor primeiro-ministro quis ficar com o poder de concessão de personalidade às fundações, que é mais uma coisa que está na mãos dele... As cabeças destes senhores é de tal maneira que nem sequer têm o cuidado de verificar o que é que um fez para que o outro não faça.

12 setembro, 2007

Pensamento

"Não há pior analfabeto que o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. O analfabeto político é tão burro que se orgulha de o ser e, de peito feito, diz que detesta a política. Não sabe, o imbecil, que da sua ignorância política é que nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, desonesto, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo."
Bertolt Brecht (1898-1956)

11 setembro, 2007

Há gente burra, mas este abusa....

É preciso ter muita lata para deitar cá para fora este meio editorial do Diário de Notícias de hoje (11/09/2007). Em primeiro lugar o editorialista nem sequer assina a peça com vergonha de associar o seu nome a este verdadeiro escarro de propaganda socretina a propósito da educação. Dá mesmo a entender que foi um frete prestado a este desgoverno.
O editorial apresentado, pelo menos nesta parte já que a outra não me interessou, é mesmo de sarjeta. Bem dizia o outro.
Manda o rigor jornalistico que antes de se debitar qualquer coisa cá para fora se confirmem e analisem os dados. Mas neste caso não.
O editorialista engoliu inteirinho o enorme chouriço que a propaganda socretina lhe enfiou pela goela abaixo. Nem pestanejou. Foi com tripa e cordel.
Inteirinho.
Ou o editorialista é um socretino acéfalo dos que por aí pululam como cogumelos, candidatos a bufos de meia tijela, ou então em lugar de cérebro tem um monte daquilo que sai pela extremidade oposta. Aquilo que ele escreveu pode resumir-se numa simples frase: diarreia cerebral.

É certo que todo o Homem tem o seu preço, mas há quem se venda por um mísero prato de lentilhas.


O novo ano escolar arranca oficialmente amanhã. Nos últimos dois anos, é preciso dizê-lo, o actual Governo procedeu a uma verdadeira revolução nesse ninho de interesses que é a educação. E, mesmo sem o optimismo exagerado de José Sócrates, a verdade é que está melhor.
Pelas contas do primeiro-ministro, há dez anos gastava-se o dobro do dinheiro com muitos mais professores para muito menos alunos. Esta poupança e a relação procura/oferta é, obviamente, um bom sinal. Mas não é único. Em relação aos últimos dois anos, este Setembro foi dos mais calmos em críticas de professores. As últimas ondas de protestos desfizeram-se. E sobre elas construiu-se um melhor ensino.
As aulas de substituição permitiram finalmente o devido acompanhamento dos estudantes nos 'furos'. O inglês é uma realidade nos terceiro e quarto anos de escolaridade. As escolas primárias funcionam até às 17.30. Os manuais escolares estão melhores e mais baratos.
Há ainda muito a fazer. Na rede de escolas. No sistema de colocação de professores. No combate ao insucesso e ao abandono escolar. Mas o caminho é este. Porque não há contestação que não passe. Já uma má educação é muito difícil de ultrapassar.

09 setembro, 2007

O hábito já vem de longe

O texto que se segue foi picado do "O Jumento", e foi escrito pelo jornalista José António Cerejo e publicado no Público, já não sei de quando, mas de há poucos dias. Porque é interessante e revelador de um certo tipo e forma de estar na vida e na política. Não se pretende obviamente nenhum julgamento de carácter de qualquer dos intervenientes. Cada um que retire as suas conclusões. (transcreveram-se as partes que se consideraram mais importantes do texto).

(...)
Numa carta publicada neste jornal em 1 de Março de 2001, Sócrates perorava sobre ética e deontologia dos jornalistas e anunciava o que aí vinha: "Parece que é tempo de começar a combater as éticas de plástico que outros agora sustentam [referindo-se a alguns jornalistas], por mais politicamente incorrecto que isso possa ser."
Meses depois, quando o PÚBLICO o confrontou com a escuta telefónica em que dava instrucções a um empresário seu amigo sobre o que devia fazer para interferir no resultado de um concurso público, Sócrates desejou tanto que os seus sonhos fossem realidade que não se coibiu de qualificar como crime aquilo que nunca o fora. A conversa tinha sido gravada anos antes, quando ele era deputado, e resumia-se a uma recomendação para que o empresário contactasse, e posteriormente recompensasse, um seu colaborador do aparelho socialista da Covilhã. A este, que era assessor do presidente da câmara local e a quem Sócrates telefonaria entretanto, caberia fazer o possível para resolver o problema do concurso. A imagem que sobressaía dessa conversa, gravada porque o empresário em causa estava a ser alvo de uma investigação judicial, era a de um deputado que se prestava a usar a sua influência para favorecer um amigo (por acaso financiador do PS) no quadro de um concurso público. E esta era, independentemente do seu interesse público e da legalidade indiscutível da divulgação da conversa, a última coisa que José Sócrates quereria que dele dissessem.
Naturalmente que o PÚBLICO não se deixou intimidar com a invocação de uma falsa proibição legal. Nem tão-pouco com a solene comunicação com que o ministro do Ambiente terminava a sua carta: "Informo-o que recorrerei a todos os meios judiciais ao meu alcance para defesa da minha honorabilidade e da reserva da minha vida privada."
Publicada a notícia em Janeiro de 2002, Sócrates escreveu ao director do PÚBLICO afirmando que o texto não passava de "especulações delirantes e insinuações falsas e injuriosas". E acabava declarando: "Porque o Sr. Cerejo [o jornalista] muito bem sabe que cometeu vários crimes com a publicação destes textos, prestará contas em tribunal."
Na verdade, os anos passaram-se e as ameaças, antes e depois da revelação da conversa, não deram origem a nenhum processo judicial da iniciativa de José Sócrates. O agora primeiro-ministro bem sabia que a história do "crime" era ainda, e tão-só, um sonho seu.
Quem se queixou em tribunal foi Carlos Martins, o assessor que ele recomendou ao empresário e que era então (e ainda o é) presidente de uma junta de freguesia da Covilhã. Alegou que o seu nome tinha sido manchado pelo jornal, mas, meses depois, desistiu do processo. Presentemente está colocado no gabinete do primeiro-ministro e é um dos seus três adjuntos para os assuntos regionais. (...)

07 setembro, 2007

ESCRAVATURA MODERNA

Apareceu no Público de hoje
07-09-2007 - 10:52


Estas são as mãos de um trabalhador que exerce uma das profissões mais sujas e perigosas do mundo. São de um trabalhador do porto de Bombaim, na Índia, sujas de um químico azul, não identificado, contra o qual não usa nenhuma protecção. Apesar de perigosa, esta é a única ocupação disponível para centenas de pessoas naquela cidade indiana. Trabalham ali meninos de 14 anos, descalços e sujos, que precisam daquele trabalho para sobreviver. Muitos trabalhadores morrem todos os anos ou ficam gravemente doentes. Foto: Arko Datta/Reuters

06 setembro, 2007

A ROSA MURCHA DE SÓCRATES

Perante um texto deste calibre (saiu no Diário de Notícias de 05-09-2007) o melhor que tenho a fazer é abster-me de todo e qualquer comentário.


A ROSA MURCHA DE SÓCRATES
Baptista-Bastos
escritor e jornalista

No emocionado êxtase de si próprio, José Sócrates anda pelo País a distribuir computadores. Faz discursos repletos de adjectivos e de nenhumas reticências. Como ninguém dá nada de graça, os recebedores das máquinas têm de as pagar, mais tarde ou mais cedo, acaso com leves descontos. Tudo em nome da ciência, da tecnologia e do conhecimento. E ponha lá, também, da "esquerda moderna", instrutiva expressão inventada nos melancólicos vagares de José Sócrates. Os portugueses estão cada vez mais aflitos, andam cheios de Prozac, enchem os consultórios de psicólogos e de psiquiatras, e o querido primeiro-ministro entrega-lhes computadores, na presunção de que vai erguer o moral da pátria.Portugal existe numa litografia graciosa e colorida, segundo no-lo é apresentado pelo Governo. Mas os números do desespero são assustadores. Admito que as evidências da realidade sejam extremamente maçadoras para a desenvolta modernidade do Executivo: meio milhão de desempregados; dois milhões de compatriotas em risco de pobreza; três milhões de famílias endividadas em cerca de 1,2 vezes o seu rendimento anual; 48 mil professores sem colocação; milhares de enfermeiros em estado de susto; e as dez maiores fortunas do País cresceram quase 14%.Possuo enorme rol de malformações sociais, criadas, aumentadas ou não resolvidas por este Governo que somente serve para nos dar desgostos, enquanto acusa os objectantes de intrigas rasteiras e manobras sórdidas. A verdade é que começamos a assistir a pequeninas insurreições de militantes do PS, que apontam Sócrates à execração socialista e o acusam de ter murchado a rosa. Ainda há dias, Alfredo Barroso deu alguma luminosidade ao triste Sol do Saraiva, aproveitando o rodapé em que foi paginado o seu artigo para reduzir a subnitrato este PS, o Governo e adjacências. É um texto exemplar, pelo que nomeia de danos irreversíveis provocados pela vigência destes "socialistas modernos".
Porém, José Sócrates não só dissolveu as expectativas nele depositadas. Avariou, irremediavelmente, a grandeza de intenções contida na ideia de socialismo. Guterres causara amolgadelas graves no corpo cambaleante do infeliz partido, mas nada que se compare às cacetadas de Sócrates. Daqui para o futuro quem vai acreditar nos socialistas, no socialismo, no PS?, cuja história carrega um peso insuportável de derivas, desvios e traições.
José Sócrates pode ser um guloso de tecnologia, um amante desvairado de cibernética, um "animal feroz", como se definiu numa preguiçosa e insensata entrevista ao Expresso. O que José Sócrates não é, sabemo-lo todos - e todos os dias: nem socialista, nem grande político nem grande primeiro-ministro.

Banco Central Europeu não aumenta juros (para já)

Eu é que já não sei se é bom aumentar os juros ou não.
Se aumentam aí vêm mais dificuldades para as famílias portuguesas com casas e outros empréstimos para pagar!
Se não aumentam é sinal que a economia europeia está a arrefecer, e a nossa débil recuperação fica ameaçada pois resultava das exportações para a UE. Neste caso aí vêm mais dificuldades para as famílias portuguesas com casas e outros empréstimos para pagar, para além do espectro de nova vaga de desemprego.
Raio de vida! É muito triste ser pobre!

05 setembro, 2007

Quem dá mais? Brincam com coisas sérias

A máquina de propaganda do governo não dá tréguas. Sempre que surge alguma novidade que macula os propósitos, os objectivos os intentos deste governo, é logo tirado da cartola um coelho do contra.
Estes indivíduos não querem reconhecer a realidade. A senhora ministra não teve outra alternativa que pegar em números do 2º trimestre para tentar contrariar os números da UE. E esses não enganam. Somos os piores! Porquê?
É que o abandono escolar é inversamente proporcional às condições de vida das populações; isto é, quando estas pioram aquele aumenta!Melhorem as condições de vida do povo e verão o abandono diminuir. É que em momentos de crise os primeiros cortes vão de imediato para a cultura e educação. Mais adiante virá na comida, o que já se começa a fazer sentir segundo algumas estatísticas…segue-se o aumento da criminalidade, e por aí fora!
Mas os nossos "queridos" políticos não se enxergam. Ou então usam óculos comprados na feira de Penafiel. Isto se a ASAE ainda não a visitou!.....
As notícias de hoje do Diário de Notícias, pela manhã, e a resposta à tarde no Público on-line com os respectivos links.

Abandono escolar agravou-se em 2006
CARLA AGUIAR

(http://dn.sapo.pt/2007/09/05/sociedade/abandono_escolar_agravouse_2006.html)

As políticas de combate ao abandono escolar não estão a funcionar. Em 2006, Portugal não só não conseguiu reduzir essa estatística negra do sistema de ensino, como assistiu mesmo ao seu agravamento: a percentagem de jovens que saíram precocemente da escola e cujo nível de estudos não ultrapassa o 9º ano de escolaridade subiu de 38,6%, em 2005, para 39,2%.
Os últimos dados do Eurostat, compilados pelo Observatório do Emprego no estudo Aspectos Estruturais do Mercado de Emprego, revelam ainda outra realidade desencorajadora.
Apesar de ter havido uma contenção de três pontos no abandono escolar, ao longo dos últimos seis anos, "a taxa portuguesa continua a ser mais do dobro da verificada para a média da União Europeia". E isto é verdade para as sucessivas configurações comunitárias: a 15 estados, 25 ou a 27.
Os indicadores para a UE a 25 revelam uma taxa de abandono escolar de 15,1%; para a UE a 27 assinalam uma taxa de 15,4%; enquanto que para os Quinze, o valor sobe para 17%.
Ou seja, se é verdade que as coisas já não estão exactamente no ponto em que estavam na década de 90, outros países europeus estão igualmente a fazer esforços para combater o insucesso escolar e alguns têm sido mais eficazes do que Portugal nessa tarefa, dificultando o processo de convergência.
Estes resultados ameaçam inviabilizar o cumprimento das metas traçadas pelo Governo tanto no Plano Nacional de Acção para o Abandono Escolar (PNAPAE), como no plano nacional de emprego. Neste último, o Governo propunha-se reduzir a saída precoce do sistema de ensino para 30% até 2008 e para 25% até 2010. E aumentar a percentagem de jovens com o ensino secundário para 65% até 2010. Atendendo a que já estamos quase em 2008, e que os progressos dos últimos quatro anos não têm ido além de um ponto por ano, é praticamente impossível recuperar dez pontos em pouco mais de um ano.
Todas as apostas do Governo centram-se agora no relançamento dos cursos técnico-profissionais e na reforma no sistema de formação profissional, que passa por cursos de certificação escolar e profissional.

Taxa de abandono escolar desceu para os 36,3 por cento este ano
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1304133

A ministra da Educação anunciou hoje que a taxa de abandono escolar diminuiu três por cento em relação ao ano passado, situando-se em 36,3 por cento, manifestando-se confiante que essa percentagem chegue aos 30 por cento ou abaixo até 2010.
"Os dados do segundo trimestre de 2007 reflectem os resultados escolares de 2006 e aí a melhoria é de três por cento, baixando o abandono escolar para 36,3 por cento, o que é muito significativo", afirmou Maria de Lurdes Rodrigues, em entrevista à TVI.
A titular da pasta da Educação recordou depois que os dados referentes a 2003, 2004 e 2005 situaram-se à volta dos 40 por cento, pelo que "o ritmo da recuperação é surpreendente e muito melhor" do que aquilo que o ministério esperava.

04 setembro, 2007

Tomara que a moda pegue

Do Correio da Manhã de ontem respigou-se esta aqui:


2007-09-03 - 09:38:00
Bangladesh



Ex-primeira-ministra na cadeia


A suspeita de actos de corrupção está por detrás da detenção da antiga primeira-ministra do Bangladesh, Khaleda Zia, esta manhã em Dacca.
A antiga governante foi detida juntamente com o seu filho, Arafat Rahman e ambos foram presentes a tribunal para responderem às acusações de corrupção de que são alvo.
Desde Janeiro que o Bangladesh está sob um governo interino, apoiado pelos militares, que trava uma grande batalha contra a corrupção.Com o país sob estado de emergência, as autoridades já detiveram dezenas de milhares de pessoas sob a acusação de actos de corrupção.
Repare-se:
É apenas SUSPEITA!!!!!
Estamos a falar do Bangladesh!!!
Um país que todos conhecemos!....
Aqui, os da mesma ordem são convocados para uma medalha no 25 de Abril ou uma comenda no 10 de Junho!!!

03 setembro, 2007

Santa Ignorância....

Mais uma vez vem ao de cima o desconhecimento da realidade do país ou então, e pior que isso, objectos inconfessados de quem nos governa.


Do Público on-line
Ministra da Educação justifica desemprego docente com desajuste entre oferta e procura
03.09.2007 - 15h35 Lusa

A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, justificou hoje o aumento do desemprego na classe docente com o desajuste entre a oferta de formação superior e as necessidades da rede escolar do Ministério da Educação (ME).
(... e disse mais outras baboseiras...)
Vamos por partes.
É sabido de há longa data que existem demasiados candidatos a professores em determinadas áreas que se encontram sobrelotadas. Acontece que se há alguns anos essas áreas eram a Filosofia e a História, actualmente nenhuma das restantes escapa a esse excesso de oferta e daí o elevado número de indivíduos que são lançados no desemprego todos os anos.
Se por um lado é uma realidade a diminuição de alunos no sistema educativo (200 000) entre 1995 e 2005, não menos verdade é que os cursos de formação de professores continuam a pulular por aí em Universidades públicas e privadas. E os sucessivos governos sabem disso! E mais, autorizam constantemente a abertura desses cursos de formação de professores (cursos muito baratos, do chamdo papel e lápis).
É bom que se saiba porque os autorizam. E eles sabem que é errado, em termos de futuro manter esses cursos no activo (se fosse nos privados, ainda vá lá, é um risco pessoal, agora no público, com dinheiros que são de todos, chama-se esbanjamento para atingir determinados fins - mas ninguém os responsabiliza).
Adiante. Se formos a ver, quase 50% dos cursos das universidades públicas ou são "licenciaturas em ensino", ou ligados à pedagogia, ou ainda cursos que sendo de determinadas áreas científicas a saída (reconversão diga-se) mais palpável é mesmo o ensino (ex. biologia, física e química, matemáticas, etc...).
São baratos, já se disse atrás. Mas para além disso, são cursos que cumprem uma função social extremamente importante - o apaziguamento da sociedade.
Concretizando. Criou-se na sociedade portuguesa a ideia/mito que o "canudo" obtido no ensino superior era um passaporte para o sucesso na vida! Mais. O direito ao acesso ao ensino superior foi confundido com a "obrigatoriedade" de ingresso no ensino superior (daí a transformação idiota dos politécnicos em ensino superior com direito a licenciaturas, mestrados e também queriam dar doutoramentos).
Ora como os cursos técnicos são caros (medicinas, engenharias, etc....) e havia necessidade de "enfiar" muita gente no Superior com urgência, abriram-se cursos de "papel e lápis" a granel sem olhar às reais NECESSIDADES do país.
Com isto matavam-se dois coelhos de um a cajadada só. Satisfazia-se a ânsia de entrada no ensino superior da população e adiava-se a entrada da juventude no mercado de trabalho que não estava preparado para os acolher. Também o secundário não dava resposta pois os "queridos" políticos deram-se ao trabalho de acabar com as antigas escolas comerciais e industriais, não abrindo oportunidades para um ensino profissional.
Os resultados saltam agora à vista: uma legião de gente formada superiormente que não tem saída profissional. Apenas lhes resta o desemprego. PorquÊ?
Porque esta gente que se diz política, e que se sente responsável pelos destinos do país NÃO TEVE CORAGEM DE EMENDAR A MÃO E FECHAR OS CURSOS VIA ENSINO.
Era bom que os agora licenciados e desempregados lhes pedissem contas... à moda de Fafe!!!
A senhora ministra, mais uma vez, sacode a água do capote como se não fosse nada com ela e com os seus parceiros de governo!
Basta, minha senhora, de tanta asneira!

02 setembro, 2007

Desabafos de um socialista....

Não resisto a republicar este texto de Alfredo Barroso, publicado no Sol deste fim de semana. A radiografia está quase completa. Uma abordagem mais aprofundada às benesses ao grande capital, uma leitura mais política ainda do comportamento neoliberal deste governo (que o é apesar de alguns arrebiques de estado autoritário e centralizador - mas isso faz parte para poder levar a água ao seu moinho) e dos seus objectivos inconfessáveis. Um descascar da verdadeira matriz e verdadeira face deste Partido Socialista.
Bom, o texto é do Alfredo Barroso que, para os mais distraídos, foi chefe da Casa Civil de Mário Soares enquanto Presidente da República, amigo de Soares, socialista de há muitos anos. Convenhamos que não é um qualquer zé saído das berças das juves partidárias que debita o que aqui se plasma.
(Fizeram-se correcções a este post em 03-09-2007, a sugestão de um leitor e respeitantes a Alfredo Barroso, involuntariamente confundido com Eduardo Barroso. A ambos e aos leitores as nossas desculpas).
OS POBRES QUE PAGUEM A CRISE!
Por Alfredo Barroso

O ESTADO de completa devastação ideológica em que se encontra o PS pode ser avaliado pelos resultados obtidos ao cabo de dois anos de governação. Empenhado em meter o país nos eixos, o Executivo chefiado pelo sempre severo e temível engenheiro Sócrates cometeu uma proeza (in)digna de qualquer partido socialista que se preze: uma redução rápida e brutal do défice do orçamento do Estado e uma subida vertiginosa das desigualdades sociais; um aumento algo pindérico da taxa de crescimento do PIB e uma diminuição bastante significativa do poder de compra dos trabalhadores. Mais: enquanto o desemprego se situa a um nível muito alto e a precariedade se generaliza, as grandes fortunas prosperam, tendo crescido 35,8 por cento em relação a 2006. Um escândalo. Se estes são resultados dignos de um governo socialista, vou ali e já venho.
BEM PODEM tentar desqualificar-me, chamando-me «esquerdista», «demagogo» e «populista». Os números são bastante claros, não fui eu que os inventei. «Esquerdista» é o Instituto Nacional de Estatística, «demagogo» é o Instituto do Emprego e Formação Profissional, «populista» é o Eurostat. O certo é que as diferenças de rendimentos entre ricos e pobres, em Portugal, atingiram uma dimensão inédita, batendo um novo record: ao contrário da tendência que se regista na União Europeia, o fosso salarial entre ricos e pobres alarga-se e situa-se, agora, duas vezes e meia acima da média comunitária. Além disso, Portugal é o país europeu que menos investe em segurança social. O desemprego de longa e muito longa duração cresceu assustadoramente e já representa quase metade do total de 470 mil desempregados. Há 250 mil desempregados com menos de 35 anos e 124 mil com mais de 44 anos. O PS bem pode limpar as mãos à parede.
PARECE ABSURDO que o combate à crise económica e financeira, levado a cabo por um governo pretensamente socialista, em nome dos superiores interesses do país, resulte em maiores desigualdades sociais, mais precariedade, mais desemprego e mais pobreza, ao mesmo tempo que as grandes fortunas aumentam vertiginosamente. Mas, como dizia Napoleão, «em política, o absurdo não é um obstáculo». Não se contesta o papel crucial da propriedade privada e do capital no desenvolvimento de uma sociedade aberta, livre e democrática. Mas é legítimo perguntar que contribuição têm dado os mais ricos para combater esta crise tão grave. Queixam-se de que o Estado os estrangula, mas a verdade é que as suas fortunas crescem a olhos vistos, ao mesmo tempo que as classes médias empobrecem e os trabalhadores sofrem os efeitos da técnica da banda gástrica que este Governo decidiu aplicar-lhes para lhes reduzir o apetite. O que é indecente.
É VERDADE que a devastação ideológica que se verifica no PS remonta ao tempo do inefável engenheiro Guterres. Mas o «pico do incêndio» só foi atingido agora, sob a égide do intratável engenheiro Sócrates. A perda de quaisquer estímulos ideológicos na luta política gerou um vazio ao nível das ideias, das convicções e dos princípios, dando lugar a uma nova classe de políticos mais sensíveis a motivações materiais, a interesses pessoais e de poder. Foi a vitória do sentido de oportunidade (para não lhe chamar outra coisa mais feia) e do pragmatismo sem princípios.
AS CHAMADAS «práticas clientelares» (mais evidentes ao nível autárquico) e de «governo paralelo» (das grandes empresas e interesses financeiros) impõem-se, hoje, aos partidos do «bloco central». Por isso, não espanta que a passagem do poder do PSD para o PS (e vice-versa) não seja mais do que «saltar do lume para a frigideira». Dizem as boas línguas que o Governo do engenheiro Sócrates tem feito «reformas muito corajosas». Eu, que sempre fui má-língua, limito-me a perguntar: é preciso coragem para exigir aos pobres que paguem a crise?!
«Sol», 1 de Setembro de 2007