20 junho, 2008

Lá, como cá... (ou como o exemplo nórdico só é bom para certas coisas

A notícia é da TVNET.
Um comentário de um leitor (JF) da Educação do meu umbigo despertou-me a atenção (reproduzo-o quase na íntegra). De facto os grandes exemplos nórdicos só servem para algumas coisitas. Para questões mais sérias não existem. Casos como este aqui relatado são "aos quilos", como soí dizer-se. Mas os nossos políticos são de outra masssa.
Outras coisas não dão nas vistas (não convém) mas explicam muito da nossa pobreza (sócio- cultural, económica, política e cívica) e do “faz-de-conta nacional” - coisitas de nada por cá (dir-se-ia até: inveja dos que falam!!) onde individualidades a braços com a justiça são nomeadas para altos cargos; se foge da justiça para o estrangeiro e se continuam a pagar ordenados com os impostos dos portugueses; onde se constrói em áreas classificadas de reserva, onde desaparecem milhões, onde declarações de impostos apresentam valores, digamos, estranhos ou não se declaram; onde se premeia o “desmérito” com cargos ainda melhores.


Noruega: Ministra do Petróleo demite-se
2008-06-19 12:42 (GMT)

Auslaug Haga, ministra do Petróleo norueguesa pediu a demissão na sequência de um escândalo.

A ministra do Petróleo da Noruega, Auslaug Haga, apresentou esta quinta-feira o pedido de demissão, depois de ter vindo a público um escândalo nas respectivas propriedades imobiliárias.
"Renuncio ao meu cargo de ministra e renuncio à presidência do partido", declarou.
Há já vários dias que Haga tem sido pressionada pela imprensa norueguesa.
Em causa está o facto de ter alugado de forma ilegal um quarto da sua residência em Aas e por ter construído na sua casa de campo uma área para barcos sem a devida autorização.

18 junho, 2008

Para ver, ouvir e meditar

Para mais informações sobre o senhor e o seu estatuto, ver:
http://en.wikipedia.org/wiki/Vladimir_Bukovsky

É impressionante a repetição do padrão de actuação, de construção e de objectivos.
Será o fim semelhante?
Ou isto quer simplesmente dizer outra coisa?


15 junho, 2008

Só nos faltava mais esta

Esta é do DN de hoje, 15-06-2008.
É mesmo de bradar aos céus. Então eu que pago regular e atempadamente as minhas contas de electricidade vou ter de pagar AINDA MAIS porque há aqueles que não pagam a a querida EDP não pode ficar sem a guita?
Esta não lembra ao diabo!
E quando as empresas XYZ passarem a apresentar nas facturas os custos daqueles clientes que não lhes pagam as ditas aos que lhe pagam?
Mas afinal de contas o mercado é só todo bom, não tem riscos?
E sou eu que tenho de arcar com os riscos da iniciativa dos outros?
É muito lindo dizer que o mercado é que é o verdadeiro regulador, mas quando surge o lado negro desse bondoso regulador o Estado e a sociedade que pague pois o capital não pode correr riscos.
Neste país foi sempre assim - o capitalista só arrisca à sombra do chapéu protector do Estado!
Os custos com as dívidas incobráveis da electricidade vão passar a ser pagos por todos os consumidores. Hoje, é a EDP Serviço Universal que assume os encargos totais dessas dívidas. Mas a proposta da ERSE (Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos) para o próximo período regulatório de 2009/11 prevê que os encargos com esses compromissos passem a ser partilhados com os consumidores de electricidade a partir do próximo ano, nas tarifas de electricidade.

14 junho, 2008

Gente pequenina ao serviço de quem?

Sigam o link abaixo:

http://notolisbontreaty.blogsome.com/nao-ao-tratado-de-lisboa-veja-porque/


«O Tratado de Lisboa é absolutamente fundamental para o Governo, é fundamental na minha carreira política. Como é que o senhor deputado lhe pode ter ocorrido que o referendo na Irlanda me era indiferente», disse Sócrates a Mota Amaral.


“Não é a pequenez dos estados, é a pequenez dos homens que os governam, que os condena a uma perpétua inferioridade, porque não sabem, nos recursos da sua inteligência e na força da sua alma, achar os meios de contrabalançar ou de suprir a pequenez do território, a pouca população e a pouca opulência do seu país.”

José Estêvão, "Discurso sobre as irmãs da Caridade", no Parlamento, em 10 de Junho de 1861

12 junho, 2008

Coincidências ou talvez não...

À mulher de César não basta ser séria... também precisa de o parecer...
É o que apetece dizer a propósito desta notícia. Pela sua invulgaridade.... pelo contexto em que surge... por quem está envolvido.... etc....
O DN trouxe a novidade e o Jornal de Negócios deu-lhe eco.
Pela minha parte faço o mesmo e cada um que tire as suas conclusões...

Cadilhe leva director da CMVM que investiga BPN


Miguel Cadilhe vai levar consigo para a administração do Banco Português de Negócios (BPN) o até agora director da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), responsável pelo departamento que está a investigar o próprio BPN, avança hoje o “Diário de Notícias”.Trata-se de Rui Pedras, vogal do conselho directivo da CMVM, que tem a seu cargo o departamento que supervisona a gestão de activos. Ora, é precisamente sobre a sua actuação enquanto intermediário financeiro na gestão de fundos que a CMVM investiga as alegadas irregularidades em torno do BPN. O banco não está cotado e a supervisão deste regulador aplica-se apenas a esta actividade do banco.Recorde-se que o Banco de Portugal e o Ministério Público estão a investigar denúncias anónimas relativas a alegadas irregularidades praticadas pelo BPN, relacionadas com sociedades off-shore.

O fim do bloqueio...

Terminou o incorrectamente chamado "bloqueio dos camionistas" ou "greve dos camionistas". Na realidade foi uma atitude de força do patronato que usou (quem sabe com que custos ou mais o quê) os seus trabalhadores - os camionistas, para fazer valer a sua posição e as suas reivindicações. Que foram aceites, diga-se desde já, genericamente, pelo governo.
Um governo que revelou verdadeiramente toda a sua classe e ao serviço de quem verdadeiramente está - do patronato! Um governo que se revela sempre muito forte com os fracos, e MUITO FRACO COM OS FORTES.
Fosse o evento uma greve verdadeira dos camionistas contra o patronato, e tomassem eles as medidas que tomaram - corte de acessos, bloqueios a empresas, etc... já a polícia de choque teria intervido, teria havido pancadaria, prisões, milhentas declarações dos nossos queridos políticos a apelidar de grevistas selvagens, o nosso primeiro já estaria na televisão a apregoar aos quatro ventos toda a sua vontade férrea de repor a ordem e a autoridade do estado de direito, já os "camionistas grevistas" teriam contra si a comunicação social, etc...
Mas não foi nada disto. Como, e ao invés, foi o patronato a manifestar o seu desagrado, tudo passou de "fininho", muito pianinho, sem alarido maior que as bombas de gasolina secas, e o nosso primeiro muito escondidinho, tão bem escondidino que ninguém deu por ele ainda! Estará de férias??? E já agora não é este governo que sempre se recusa a negociar sobre pressão? sobre greves? Sobre ameaças? Que não cede a chantagens? Corrijam-me se estou enganado, mas acho que já os ouvi dizer isso várias vezes aquando as greves de trabalhadores dos diversos sectores!!
Mas o resultado final então foi este - o governo por Mário Lino arreou as calças e os patrões levaram a água toda ao seu moinho. Não tiveram o gasóleo profissional? Tiveram, mas disfarçado de majoração das despesas de combustível! E logo 20% que era aquilo que reclamavam de baixa do gasóleo!
Se havia dúvidas ácerca de quem o governo está ao serviço elas ficaram agora na beira da estrada - ao serviço do patronato!

09 junho, 2008

Ensino privado???? Com dinheiros públicos????

As listas dos felizes contemplados no Diário da República:

Ano de 2007
http://www.dre.pt/pdfgratis2s/2007/06/2S109A0000S00.pdf

Ano de 2008
http://www.dre.pt/pdf2sdip/2008/06/108000000/2508325101.pdf

Ganância

Um bom texto de Fernando Marques. Publicado no JN.
Ganância
2008-05-31
Há uns batoteiros que fazem fortunas todos os dias a especular com bens essenciais nas bolsas de valores. O preço desta ganância vai subindo em cadeia até ao elo mais fraco: o consumidor pobre e desventurado.
Um pavão qualquer, a banhos de sol no seu iate, dá umas ordens de compra e venda entre duas passas num charuto e o arroz desaparece das escudelas das crianças africanas em agonia de fome.
O capitalismo exprime-se nos nossos dias como uma sociopatia à escala global. O regime económico que fez crescer o Ocidente, temperado na maior parte do seu percurso por sistemas políticos democráticos, estendeu-se a novos territórios - China, Índia... - que estimulam a sua natureza ávida, amoral e feroz. A febre do lucro campeia à rédea solta, violenta e sem remorso, e o mundo assusta-se.
Por que é que a China e a Índia crescem a mil à hora sob a sineta capitalista? Porque, além de possuírem mercados internos gigantescos e vorazes, os seus trabalhadores têm poucos direitos e os seus patrões poucos deveres. Eis a velha fórmula de sucesso do capital: operário dócil e miserável, amo rico e todo-poderoso. O Ocidente, esmagado por esta avalancha perversa e avassaladora, pressente a ameaça aos seus privilégios. Mas, incapaz de ser recriar a partir da virtude, torna-se bulímico, guloso. Gula: um dos pecados capitais.
O problema é que uma democracia não pode decretar o feudalismo laboral. Pode chegar lá, mas tem que adocicar o processo. Entra em cena o eufemismo. Meus amigos, diz o empresário, vamos tornar a nossa empresa mais competitiva. Quer dizer: vai haver despedimentos. Meus amigos, diz o Governo, os trabalhadores têm que ser mais flexíveis. Quer dizer: uma mão cheia de direitos vai de uma assentada por água abaixo.
Menos direitos, mais medo. Mais medo, menos protestos. Menos protestos, mais docilidade. A fórmula mágica. Lá no alto mar, a banhos de sol no seu iate, o pavão aplaude as democracias que se submetem à voz do dono: o capital. Mais umas quantas ordens de compra e venda, entre duas passas no charuto, e tem o dia ganho.

06 junho, 2008

Há quase um ano...

10 Junho 2007 - 00h00
29 milhões/mês
Privados recebem verba do Estado
O Ministério da Educação (ME) transferiu para estabelecimentos de ensino particular e cooperativo e instituições sociais quase 177 milhões de euros nos últimos seis meses. Feitas as contas, mensalmente os encargos do ministério com colégios privados e instituições particulares ascendem aos 29,5 milhões de euros, numa política contestada pelos sindicatos.
Os valores relativos às transferências efectuadas pela tutela no 2.º semestre de 2006 foram publicados em Diário da República no dia 6. Os contratos de associação, fonte de receitas essencial que garante aos colégios privados elevados apoios financeiros para pagamento de professores e profissionais de apoio ou pessoal não docente, recebem a maior fatia. Tais contratos permitem que alunos carenciados possam frequentar gratuitamente os estabelecimentos de ensino privado.
Apesar de nem todas as direcções regionais de Educação discriminarem o destino das verbas transferidas, o certo é que o valor pago serve igualmente para garantir os contratos de desenvolvimento e cooperação, cobrir as despesas com a generalização do ensino do Inglês no 1.º Ciclo, manter verbas para contratos de patrocínio, despesas com residências de estudantes, bolsas de mérito, acção social escolar e gastos com manutenção dos refeitórios.
A Direcção Regional de Educação de Lisboa transferiu para os estabelecimentos da sua área 63 203 637,54 euros enquanto a Direcção Regional de Educação do Norte fez pagamentos no valor de 49 329 909,47 euros. Dos dez estabelecimentos de ensino privado que receberam maior apoio do Estado cinco pertencem à região de Lisboa, quatro à zona de Porto e Braga e só um pertence à região centro.
A crescente entrega de verbas pelo Estado ao ensino particular é contestada pela Federação Nacional de Professores (Fenprof). Mário Nogueira, secretário-geral desta estrutura sindical, sublinha que “enquanto são aplicados cortes no investimento público cresce o investimento no ensino privado com a ocorrência de algumas ilegalidades”.
O professor indica que uma situação contestada é o Colégio de São Martinho, em Coimbra, que está a menos de quatro quilómetros de duas escolas públicas e é financiado pelo Estado.
Mário Nogueira acrescenta que, com o encerramento de milhares de escolas do Ensino Básico, “surge uma política de dois pesos e duas medidas em que há estabelecimentos particulares de ensino, cujas verbas aumentam mais de cem por cento ao ano”.
ESCOLAS DE RESULTADOS FRACOS
Nem sempre uma maior transferência de verbas para o ensino privado é sinal de bons resultados no final do ano lectivo. Das dez escolas privadas que receberão as transferências mais elevadas do ministério, só duas ficaram nos cem primeiros lugares do ranking das melhores escolas do País, elaborado pelo CM em 2006 no seguimento dos resultados nos exames nacionais. Apesar de o Colégio São João de Brito, em Lisboa, ter alcançado o primeiro lugar na tabela CM e de por si só ter recebido verbas no valor de 899 mil euros, o certo é que as transferências estão bem longe dos 13 milhões recebidos pelo Colégio Miramar, de Mafra. Em 599 escolas contabilizadas, cinco estão acima do 200.º lugar e situam-se entre as escolas menos bem avaliadas dos seus distritos: Colégio Santa Maria de Lamas (205.º), Escola Salesiana de Manique (208.º), Instituto Educativo D. João V (322.º), Escola Cooperativa Vale S. Cosme (402.º) e Didáxis Soc. Cooperativa de Ensino (424.º).
REGIÃO SUL RECEBE MENOS DINHEIRO
A região Sul do País foi a mais penalizada na hora de fazer as contas: no total, para o Algarve e Alentejo apenas foram transferidos 5 092 118,35 euros, 12 vezes menos das verbas transferidas só para a Direcção Regional de Educação de Lisboa. Aliás, o Algarve, para onde foram encaminhados 1,260 milhões de euros, recebeu o mesmo montante transferido para uma única escola de várias regiões mais a norte. Além disso, o Alentejo só tem uma instituição a receber mais de um milhão de euros (Colégio Nossa Senhora da Graça – 1 422 660). No Algarve, nenhuma das instituições de ensino ou sociais recebe verbas acima desse montante. O valor mais elevado foi recebido pela Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral, com 114 496,81 euros.
OS DEZ MAIS
1- Colégio Miramar (Mafra), 13 458 888,14 euros
2- Colégio Liceal Santa Maria de Lamas (Feira), 4 976 306,32 euros
3- Didáxis Soc. Coop. de Ensino (2 filiais Famalicão), 4 456 932,14 euros
4- Externato de Penafirme (Torres Vedras), 4 041 899,14 euros
5- Externato Cooperativo da Benedita (Alcobaça), 3 737 326,54 euros
6- Escola Cooperativa Vale S. Cosme (Famalicão), 3 559 313,23 euros
7- Escola Salesiana de Manique (Cascais), 3 434 207,64 euros
8- Alfacoop Coop. Ensino de Alvito (Braga), 3 276 677,47 euros
9- Externato João Alberto Faria (Arruda dos Vinhos), 3 135 527,05 euros
10- Instituto Educativo D. João V (Pombal), 966 857,99 euros
NÚMEROS176 923 608,339 euros foi o total de verbas transferido pelo ME para colégios e instituições privados durante o segundo semestre de 2006.63 203 637,54 euros foi o valor encaminhado pela tutela para as escolas da Direcção Regional de Educação de Lisboa.
157 400 euros foi o valor que a Know How, empresa da escritora Maria João Lopo de Carvalho, recebeu para o ensino de Inglês.1 260 017,35 euros foi o valor atribuído pelo ministério às instituições sociais e escolas da região algarvia, a menos afectada pelas verbas.
Diana Ramos com J.S.
Concluindo - No fundo a iniciativa privada não existe! Apenas privados na área do ensino que se apropriam de dinheiros públicos e ainda, em alguns casos, cobram propinas elevadas aos pais!
Se os que defendem o ensino privado é ISTO, que defendem, bem podem ir dar a volta ao bilhar grande. Assim, até a minha avó investia no ensino privado e montava um rede de escolas....
É assim, que mais uma vez, a sombra do chapéu protector do estado se encontra presente para amparar a querida iniciativa privada! E depois... são os mesmos que ladram contra o excessivo intervencionismo do Estado!! Haja, decoro, senhores... Haja pachorra para vos aturar!!....