29 maio, 2008

Cuidar dos ricos

Hoje estou sem "pachorra". Mas nem por isso quero deixar de colocar este comentário mordaz, oportuno (como sempre) e contundente de M. A. Pina do JN de há dois dias. E não me parece que sejam necessárias mais palavras....

Manuel António Pina

Por outras palavras, segundo a "Forbes", os milionários americanos gastam milhões para se protegerem e às suas fortunas casas equipadas com "robots" que localizam automaticamente intrusos e os imobilizam com descargas de alta tensão, leitores biométricos, portas falsas, salas blindadas de refúgio de onde é possível encher o resto da habitação de gás lacrimogéneo, cães treinados (55 mil dólares cada um), seguranças oriundos de forças especiais (SEAL, fuzileiros, comandos) a 600 dólares a hora.

Em Portugal, país que ostenta o mais desonroso dos recordes europeus, o da pobreza e desigualdade, milionários como Jean-Pierre Bemba, acusado pelo TPI de crimes contra a humanidade, são protegidos por polícias pago pelo Orçamento de Estado.

E, se for para a frente uma proposta de lei do ministro Alberto Costa, as fortunas dos milionários ficarão agora a salvo não só dos ladrões mas até dos direitos dos credores, e mesmo das penhoras do fisco e Segurança Social.

Assim, de acordo com uma notícia do "Público", o CEF do Ministério das Finanças está a estudar a criação de um fundo, idealizado pelo Ministério da Justiça, que visa proteger as grandes fortunas "de credores privados, bem como do fisco e da Segurança Social". É o "Estado Social" na versão socialista "moderna" e neoliberal.

27 maio, 2008

É só mais uma...mesmo só mais uma...

Do Correio da Manhã de há uns diazitas que quase passava despercebida. Gozam com a tropa...riem-se do pobre... brincam com quem trabalha... Apetece mandá-los a todos à .... outra banda!

21 Maio 2008 - 10h00
Saúde: Um administrador votou contra a decisão
Assessoria milionária
Num momento em que a situação financeira do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) é descrita como "paupérrima" e o dinheiro nem chega para comprar reagentes para fazer análises, a entidade pública decidiu contratar uma assessora de imagem por 50 mil euros. A situação está a causar mal-estar interno e, ao que apurou o CM, esta "escolha de prioridades" foi mesmo contestada dentro do próprio conselho directivo, com um dos administradores a opor-se à contratação milionária.
E são vários os pontos contestados. O contrato foi aprovado em Maio, mas com efeitos a partir de Abril. E terá duração até Dezembro, custando cerca de 50 mil euros. Apesar de já ter a funcionar um gabinete de comunicação, o conselho directivo do INSA decidiu solicitar este serviço ao SUCH (empresa especializada em logística e compras).
'O INSA é nosso cliente na engenharia, equipamentos e fiscalização de obras. Em Março solicitou-nos este serviço de comunicação, que não estávamos a prever', disse ao CM Lurdes Hill, administradora do SUCH. E o pedido foi satisfeito porque 'temos um quadro, que transitou da anterior Unidade de Missão para os Hospitais SA [por onde passou também um dos actuais administradores do INSA], especializado no sector da saúde pública, divulgação científica e gestão de crise'. Uma tarefa 'muito específica e da qual o SUCH não carece todos os dias', admite.
VERBA 'É DO FORO INTERNO'
O CM tentou questionar o conselho directivo sobre a contratação, mas este apenas fez saber que 'existem quatro contratos com o SUCH, um é de comunicação e difusão científica, tendo a assessora sido designada pelo SUCH'. Sobre os valores pagos, a resposta é 'que se trata de um assunto do foro interno'. O orçamento do INSA é de 29 milhões de euros, um valor que inclui as verbas para o Instituto de Genética Médica, entretanto absorvido. Dez milhões são dívidas que a instituição tem por cobrar. A actividade normal já se ressente, com atrasos no pagamento a fornecedores e falta de materiais.
O CM tentou questionar o conselho directivo sobre a contratação, mas este apenas fez saber que 'existem quatro contratos com o SUCH, um é de comunicação e difusão científica, tendo a assessora sido designada pelo SUCH'. Sobre os valores pagos, a resposta é 'que se trata de um assunto do foro interno'. O orçamento do INSA é de 29 milhões de euros, um valor que inclui as verbas para o Instituto de Genética Médica, entretanto absorvido. Dez milhões são dívidas que a instituição tem por cobrar. A actividade normal já se ressente, com atrasos no pagamento a fornecedores e falta de materiais.
AINDA MAIS CARA DO QUE MÉDICO DE TOPO
Por mês, a assessoria de comunicação, imagem e divulgação científica vai custar ao INSA cerca de 5555 euros –o contrato é de 50 mil, com a duração de oito meses. Um valor bem acima da tabela normal praticada na função pública na área da Saúde. Por exemplo, um médico chefe de serviço, em regime de exclusividade e horário completo de 42 horas (o topo da carreira) ganha mensalmente 5500 euros, de acordo com os valores estipulados para os funcionários do Estado. Também um clínico geral ganha apenas 2600 euros.
No Instituto Ricardo Jorge este valor está também longe de ser comum, existindo actualmente técnicos que asseguram o trabalho dos diferentes departamentos com avenças e contratos precários.

26 maio, 2008

Por que não nacionalizar?

Mário Crespo, Jornalista
Se o mercado não consegue disciplinar os preços, os lucros nem o selvático prendar dos recursos empresariais com os vencimentos multimilionários dos executivos, então por que não nacionalizar os petróleos e tentar outros modelos? Quem proferiu este revolucionário comentário foi Maxine Waters, Democrata da Califórnia, durante o inquérito conduzido pelo Congresso, em Washington, às cinco maiores petrolíferas americanas. Face à escalada socialmente suicidária dos preços dos combustíveis, o órgão legislativo americano convocou os presidentes para saber que lucros tinham tido e que rendimentos é que pessoalmente cada um deles auferia.
Os números revelados deixaram os senadores da Comissão de Energia e Comércio boquiabertos. Desde os 40 mil milhões de dólares de lucro da Exxon no ano passado, ao milhão de euros mensais do ordenado base do chefe Executivo da Conoco-Phillips, às cifras igualmente astronómicas da Chevron, da Shell e da BP América. Esta constatação do falhanço calamitoso do mecanismo comercial, quando encarada no caso português, ainda é mais gritante. Digam o que disserem, o que se está a passar aqui nada tem a ver com as leis de oferta e procura e tem tudo a ver com a ausência de mercado onde esses princípios pudessem funcionar.
Se na América há cinco grandes empresas que ainda forçam o mercado a ter preços diferentes, em Portugal há uma única que compra, refina, distribui e vende. É altura de fazer a pergunta de Maxine Waters, traduzindo-a para português corrente - Se o país nada ganhou com a privatização da Galp e se estamos a ser destruídos como nação pela desalmada política de preços que a única refinadora nacional pratica, porquê insistir neste modelo? Enunciemos a mesma pergunta noutros termos - Quem é que tem vindo sistematicamente a ganhar nestes nove anos de privatização da Galp, que alienaram um bem que já foi exclusivamente público? Os espanhóis da Iberdrola, os italianos da ENI e os parceiros da Amorim Energia certamente que sim. O consumidor português garantidamente que não. Perdeu ontem, perde hoje e vai perder mais amanhã.
Mas levemos a questão mais longe houve algum ganho de eficiência ou produtividade real que se reflectisse no bem-estar nacional com esta alienação da petrolífera? A resposta é angustiantemente negativa. A dívida pública ainda lá está, maior do que nunca, e o preço dos combustíveis em Portugal é, de facto, o pior da Europa. Nesta fase já não interessa questionar se o que estamos a pagar em excesso na bomba se deve ao que os executivos da Galp ganham, ou se compram mal o petróleo que refinam ou se estão a distribuir dividendos a prestamistas que exigem aos executivos o seu constante "quinhão de carne" à custa do que já falta em casa de muitos portugueses. Nesta fase, é um desígnio nacional exigir ao Governo que as centenas de milhões de lucros declarados pela Galp Energia entrem na formação de preços ao consumidor. Se o modelo falhou, por que não nacionalizar como sugeriu a congressista Waters?
Aqui nacionalizar não seria uma atitude ideológica.
Seria, antes, um recurso de sobrevivência, porque é um absurdo viver nesta ilusão de que temos um mercado aberto com um único fornecedor. Se o Governo de Sócrates insiste agora num purismo incongruente para o Serviço Nacional Saúde, correndo com os existentes players privados e bloqueando a entrada de novos agentes, por que é que mantém este anacronismo bizarro na distribuição de um bem que é tão essencial como o pão ou a água? Como alguém já disse, o melhor negócio do Mundo é uma petrolífera bem gerida, o segundo melhor é uma petrolífera mal gerida. Na verdade, o negócio dos petróleos em Portugal, pelas cotações, continua a ser bom. Só que o país está exangue. Há fome em Portugal e vai haver mais. O negócio, esse, vai de vento em popa para o Conselho de Administração da Galp, para os accionistas, para Hugo Chávez e José Eduardo dos Santos. Mas para mais ninguém. A maioria de nós vive demasiado longe da fronteira espanhola para se poder ir lá abastecer.

22 maio, 2008

Imaginem...

Imaginem vocês que estes jeitosos que nos (des)governam não era socialistas!!!!.....
Imaginem que eram tão só agentes do capitalismo selvagem...
Acho quem quem diz o aqui aqui abaixo se plasma (fisgado ao Público) não é proveniente de nenhuma força de bloqueio, de nenhum agente provocador, de nenhum comunista subversivo, de nenhum viciado em aldrabices e mentiras como parecem ser certos e determinados senhores que todos nós sabemos onde estão...

União Europeia é mais uniforme que os Estados Unidos
Portugal é o país da UE com mais desigualdades na distribuição de rendimentos

22.05.2008 - 16h45 Lusa
Portugal foi hoje apontado em Bruxelas como o Estado-membro com maior disparidade na repartição dos rendimentos, ultrapassando mesmo os Estados Unidos nos indicadores de desigualdade.
O Relatório Sobre a Situação Social na União Europeia (UE) em 2007 conclui, no entanto, que os rendimentos se repartem mais uniformemente nos Estados-membros do que nos Estados Unidos, à excepção de Portugal.O relatório é o principal instrumento que a Comissão Europeia utiliza para acompanhar as evoluções sociais nos diferentes países europeus. Os indicadores de distribuição dos rendimentos mostram que os países mais igualitários na distribuição dos rendimentos são os nórdicos, nomeadamente a Suécia e Dinamarca.
"Portugal distingue-se como sendo o país onde a repartição é a mais desigual", salienta o documento que revela não haver qualquer correlação entre a igualdade de rendimentos e o nível de resultados económicos.Contudo, se forem comparados os coeficientes de igualdade de rendimentos dos Estados-membros com o respectivo PIB (Produto Interno Bruto) por habitante constata-se que os países como um PIB mais elevado são, na sua generalidade, os mais igualitários.

17 maio, 2008

HERÓIS DO NOSSO TEMPO

Quando o político não entra em campo, o pensador até produz análises interessantes:


HERÓIS DO NOSSO TEMPO
Manuel Maria Carrilho

O que me surpreende no vivo debate que entre nós se tem travado sobre o ensino é que ele gire tanto em torno de estatísticas, procedimentos e regulamentos da escola e tão pouco à volta de ideias, conteúdos e objectivos da educação.Isto acontece, a meu ver, porque se têm acumulado diversos equívocos sobre a educação, a escola e o ensino. Equívocos que, em grande parte, têm bloqueado diversos impulsos reformistas nas últimas décadas.
A educação, é bom lembrá-lo, era já o que mais parecia querer mudar nos últimos tempos da ditadura, com Veiga Simão à frente do Ministério da Educação a abrir a frente da massificação escolar. E depois de 25 de Abril a educação foi regularmente apontada como o factor diferenciador e decisivo do regime democrático, como a resposta que se impunha ao nosso ancestral atraso e aos desafios dos novos tempos. Mas a aposta ficou-se pela massificação/democratização, com resultados que não nos tiraram da cauda da Europa.Assim, sem uma forte visão estratégica que a orientasse, foram vários os equívocos que entretanto se abateram sobre o sector. Que atingiram a educação, cada vez mais desorientada pela multiplicação - quantas vezes contraditória - de objectivos que se lhe exigem. Que atingiram a escola, transformada numa instituição à qual (em consequência das crises da família, da autoridade, e outras) se pede soluções para tudo, sem se adequarem os seus meios e sem se avaliarem os seus limites. E que atingiram o próprio ensino, objecto de uma mutação radical que levou à desvalorização dos conteúdos, dos "saberes" a transmitir, colocando o aluno não só como criança ou adolescente mas também como cidadão, no centro de todas as preocupações.Todas estas alterações ocorreram, todavia, num contexto civilizacional que importa ter em conta. Porque, por paradoxal que tal possa parecer, todos estes equívocos se têm intensificado no quadro da sociedade contemporânea, como Marcel Gauchet mostrou em análises notáveis. Por um lado, devido à bolha mediática que instaurou um paradigma que reformata tudo o que toca. Por outro lado, devido ao modo como se têm valorizado simultaneamente três exigências dificilmente compatíveis entre si: a do reconhecimento do mérito, a da igualdade de oportunidades e a da "obsessão" individualista.
A escola do Estado-Providência nasceu, em grande medida, justamente como resposta à tensão entre elas, procurando equilibrá-las. Mas o que por todo o lado aconteceu desde os anos 70 (num movimento que apanhou Portugal "em falso", entre o seu lastro pré-moderno e as suas ilusões pós-modernas) foi o crescente domínio do individualismo, que esfarelou o modelo educativo tradicional, sem propiciar qualquer alternativa.
A escola viu-se assim transformada. E de factor de conquista de uma ambicionada igualdade de oportunidades - que era o principal tópico legitimador das "políticas" da educação -, ela passou a ser sobretudo e cada vez mais um espaço de expressão da igualdade entre cidadãos. Esta mudança veio também consagrar novos objectivos, já não a aquisição de conteúdos formadores, mas o "desenvolvimento multifacetado" do aluno, que deverá simplesmente tornar-se capaz de - e a fórmula diz tudo! - "aprender a aprender".
Enquanto o ensino tradicional hierárquico visava a transmissão de conhecimentos, o ensino individualista e democrático aposta na aprendizagem, quantas vezes confundida com uma misteriosa espontaneidade de competências. No primeiro caso, o professor desempenhava uma função de indispensável mediação, no segundo ele tende a tornar-se num animador quase supérfluo.
Compreende-se assim que o maior equívoco seja aquele a que se chega no termo do processo, e que se pode sintetizar na questão formulada por M. Gauchet, quando pergunta se a introdução da democracia na escola não terá, na realidade, por efeito paradoxal, contribuído para a inviabilização da própria escola. Ou, dito de outro modo, que fazer quando todos reclamam educação, mas na realidade quase ninguém quer - e isso aparece cada vez mais como um direito - ser educado?
É que a possibilidade de ensinar depende estreitamente do estatuto, e da autoridade, que a sociedade reconhece não só aos saberes mas também aos professores, indispensáveis intermediários da mediação educativa, que nenhuma tecnologia consegue substituir (muito pelo contrário - sobre isto é confrangedor o que se diz por aí...).
A erosão daqueles factores deixa aos professores uma tarefa cada vez mais impossível. Daí que reconhecer neles os heróis do nosso tempo - no sentido em que eles enfrentam o que todos evitam - seja uma condição prévia para, simplesmente, tornar a educação viável. O que só acontecerá se ela assentar numa relação institucional, mas também pessoal, que por um lado garanta a efectiva transmissão de conhecimentos e, por outro, seja capaz de enquadrar as motivações pessoais num registo democrático que tem que ser reinventado.

Uma Questão de MÉRITO

Esta só a consigo perceber/aceitar da seguinte forma:
Se o homem não esteve no banco significa que não cometeu erros... logo tem o mérito de não ter feito asneiras nos últimos anos, logo, uma promoção por mérito! LOL!!!!
BE questiona promoção por mérito de Vitor Bento no Banco de Portugal, há oito anos de licença sem vencimento
16.05.2008 - 18h19 Lusa
O Bloco de Esquerda (BE) pediu hoje esclarecimentos do Banco de Portugal sobre os critérios que ditaram a promoção "por mérito" de Vítor Bento, o presidente da Sedes, a Associação para o Desenvolvimento Económico e Social, e da SIBS, sociedade interbancária de Serviços, que há oito anos está com uma licença sem vencimento."Como se pode promover por mérito alguém cujo mérito é não estar no banco", questionou o deputado bloquista Francisco Louçã, em declarações aos jornalistas para justificar o requerimento entregue hoje na Assembleia da República. O pedido do BE surge depois de a Comissão de Trabalhadores do Banco de Portugal ter solicitado explicações ao governador sobre a situação de Vítor Bento, que desde 2000 "se encontra em situação de licença sem retribuição", de acordo com o próprio banco. Na resposta, em documentos distribuídos pelo BE, o próprio Banco de Portugal fundamentou a decisão de promover Vítor Bento a partir de 1 de Janeiro de 2008 por "critérios de gestão e equidade interna", de director de escalão "18A" a director "18B". "Na sequência dos esclarecimentos insatisfatórios que deu aos trabalhadores do banco", o deputado Francisco Louçã questionou "por que razão os critérios de promoção não são os critérios da verificação da actividade das pessoas no banco". A Comissão de Trabalhadores questionou que Vítor Bento se "o trabalhador não esteve ao serviço efectivo do banco", dúvidas partilhadas pelo deputado e coordenador da comissão permanente do Bloco: "Como pode haver uma promoção salarial por mérito absoluto se a pessoa não desempenha funções?"