Mas uma particularmente interessante ressalta e que se transcreve, a propósito do "caso Charrua" e da Directora Regional de Educação do Norte (o negrito é meu):
Considero que a minha responsabilidade é ter particular atenção para que todos os procedimentos, como o direito de defesa, estejam salvaguardados. Depois, a senhora directora regional do Norte é que está a ser acusada e perseguida e não tenho sinais que correspondam às acusações de perseguição política, delito de opinião ou de autoritarismo excessivo. Quando peço contas aos serviços não me dão essas indicações, e na opinião publicada há uma acusação feroz e aproveitamento político-partidário da questão.
Ora bem! Quando a senhora pede contas aos serviços, que esperava que eles dissessem? Os serviços não dirão nem mais nem menos que aquilo que a senhora quer ouvir. Todos os serviços da hierarquia reportam ao superior hierárquico imediato o melhor dos mundos. Nenhum quer ficar mal visto perante o seu superior. Nenhum tem problemas. Apenas os funcionários na base da pirâmide hierárquica sabem o que sofrem para cumprir determinações (muitas vezes estapafúrdias) emanadas do topo da pirâmide, que na maior parte das vezes são decisões tomadas a partir de falsos pressuspostos, informação incorrecta e implementações deturpadas. O feedback que o governante acaba por obter é sempre desfocado e filtrado pelos vários elos da cadeia hierárquica.
Neste caso, se a senhora ministra apenas se fia naquilo que os serviços lhe comunicam elabora em duplo erro. Por um lado demonstra ignorância sobre a forma como o sistema funciona; por outro um autismo confrangedor em relação àqueles que de fora desse mesmo sistema procuram tornar clara realidade existente.
O desfazamento entre governantes e governados é de facto uma realidade. Por isso é que as sondagens são importantes. Por isso os governos desta última geração levam tão a sério a questão das sondagens. Acabam por ficar a governar para elas porque o povo que os elege esse, verdadeiramente, não conhecem.
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