29 março, 2009

O exemplo que o ME português não quer seguir

É isso!
Este exemplo não interessa ao nosso ME. É que aqui ao lado não é o Chile! É Espanha! E Espanha é Europa! Nós não estamos na Europa! Já começámos a deriva da América Latina para as bandas de África. São tão tristes estes nossos governantes....
Aqui ao lado, na Província da Extremadura, o Governo Autonómo faz passar anúncios na televisão e na rádio a valorizar os professores e a enaltecer oseu trabalho.
E é logo ali ao lado!!!!
A Junta da Extremadura chama a esta campanha de Valoracion Docente.
http://www.educarex.es/documentos/anuncio/anuncio.html

Não deixes de ver o anúncio.

23 março, 2009

Mais um a abrir os olhos....

Começam alguns na dita sociedade civil a aperceber-se do que está em causa na escola....
Começam a perceber o que está mal na escola....
Começam a vislumbrar para além do "maravilhástico" estatístico socretino....
Começam a questionar as pretensas teorias da educação e o seu lirismo bacoco...
Começam a problematizar os reais objectivos por detrás de tão confrangedora realidade...
Começam...
Mas ainda a procissão não passou ao adro e a missa não chegou a meio...

Mas vale a pena ler este:

Luis Nazaré
Revolutionary School
B. é professora numa escola secundária de Lisboa, bairro chique, a curta distância do centro de decisão política do País. Em trinta anos de carreira, conviveu com as mutações ideológicas do sistema educativo, com os voluntarismos e as experimentações pedagógicas no ensino público e com a deterioração dos valores de sociedade. "Eu, que pensava ser possível educar, de modo igual, o pobre como o rico, o rural como o urbano, o branco como o moreno, dou comigo a dar graças por cada dia que passa sem ser vítima de uma agressão" - afirma B., professora de português numa escola pública onde o Estado levou por diante mais uma bem intencionada experiência de integração sociocultural.
B. está cansada. Cansada de uma escola onde pululam gangues e a insegurança se entranha na pele e nos comportamentos de todos - estudantes, funcionários e professores. Cansada de gastar o seu tempo a proteger os alunos "normais" das investidas dos desordeiros, quando não de famílias inteiras de malfeitores. Cansada de não lhe sobrar tempo para ensinar. Cansada de assistir à capitulação do sistema perante a indisciplina e a sistemática desautorização dos professores. Cansada do desinteresse dos pais perante a sorte dos filhos. Cansada de guerra.Dantes, relata B., a ideia da reforma era um tormento. Para a maioria dos professores, a sua vida era a sua escola. Hoje, sempre que alguém se aposenta há festa, onde não faltam lágrimas ao canto do olho dos que ficam, num misto de saudade e de amargura por não terem a mesma sorte. Diz-se, por graça, que o registo de bons serviços prestados à Educação se mede pelo número de equimoses contraídas em combate.
Não, não é a avaliação nem as carreiras que incomodam B. (encolhe os ombros, com enfado, às lógicas sindicais). É o sentimento de impotência perante a desordem reinante, os baixos índices de auto-estima e realização profissional e, sobretudo, a frustração de ver fenecer uma das mais belas causas de Abril - a escola inclusiva.Devemos ficar surpreendidos com as taxas de aproveitamento e abandono escolar no ensino secundário? Com a pobreza de conhecimentos em disciplinas nucleares, como o Português ou a Matemática? Com a disseminação de uma matriz cultural assente no salve-se quem puder? Não. Uma árvore destas não pode dar bons frutos. Mas, como tratá-la?
Não escondo as perplexidades que a matéria me coloca. Entendo e apoio os princípios da universalidade e da integração, mas não aceito que impere a lei da canalha. As escolas não podem ser jaulas nem quartéis, é certo, mas têm a obrigação de fazer respeitar a disciplina e a ordem, sob pena de fracassarem na sua missão. Não é admissível que uma turma inteira veja os seus trabalhos escolares permanentemente prejudicados pela atitude selvagem de um(a) jovem a quem obrigam a ir a uma escola que odeia, à excepção dos intervalos onde se diverte a aterrorizar os colegas, e que provavelmente nunca completará.
Nos tempos da escola selectiva, o sistema educativo tratava dos casos de indisciplina com mão de ferro - suspensões e expulsões. Sendo raros os estudantes oriundos de minorias étnicas (a mais problemática, a cigana, não passava da instrução primária), a ordem era mais fácil de manter. Hoje, os conselhos directivos das escolas secundárias fogem das medidas disciplinares como o diabo da cruz. Sabem que à mais pequena sanção arriscam-se a ser agredidos ou a ver a escola invadida pela família do jovem-injustamente-perseguido, normalmente mais arruaceira do que o próprio jovem.
Recordo-me de uma reportagem realizada algures na Bósnia, onde se dava conta do primeiro caso de sucesso na integração escolar das duas principais comunidades. "As turmas são mistas?", perguntou o repórter. "Isso não. Os miúdos sérvios têm aulas de manhã e os muçulmanos à tarde", respondeu o director sem pestanejar. Será sistema?
Economista

10 março, 2009

Eu bem vos dizia....

Bem vos dizia numa posta de há uns tempos a esta parte que a conversa da avaliação ser fundamental para os contratados para os concursos era treta. Bem vos dizia que os concursos nacionais eram para acabar... (veja-se mais abaixo a posta - A propósito de escolas, concursos e mais... - Eu suspeito)
Mas enfim, há sempre crédulos a pensar que as coisas que conhecem se manterão "ad aeternum".
Pelos vistos os concursos nacionais em 2013 já eram... foram-se.... puffff.... kaput....
E foi o querido secretário Valter quem o disse.... Era de prever.
Leiam então o que está no Sol (link acima). Fica aqui em excerto:
Valter Lemos, secretário de Estado da Educação, assume que «o próximo Governo tem os instrumentos para que possa não haver concurso com lista de graduados em 2013»
...
Valter Lemos, secretário de Estado da Educação, não esconde que «foi aberto caminho» para uma maior autonomia das escolas na gestão dos recursos humanos e que isso pode levar a que em 2013 a colocação de docentes já não se faça através de uma lista nacional ordenada por uma graduação.
O primeiro passo para que sejam as escolas a contratar directamente os professores será dado já este ano, com as escolas mais problemáticas – as 59 escolas, integradas em Territórios Educativos de Intervenção Prioritária (TEIP) – a realizarem os seus concursos, com critérios próprios.
Dixit! Pum!

08 março, 2009

De volta...

Depois de "n... tempo" ausente, o regresso.
Não que tenha necessidade de justificar, mas que está a ser um ano difícil, lá isso está! E não é só por causa da crise...
Mas adiante...
Parece que as primeiras manifestações do que espera o pessoal docente começam a pairar. E a desmentir mesmo o Mário Nogueira que garantia, ainda há pouco tempo, que o 12-A/2008 de 27 de Fevereiro não se aplicava aos professores. Ora bem...
Um leitor do "Educação do meu umbigo" deu-se ao trabalho de ler aqueles "chatos" preâmbulos da legislação concursal (Decreto-Lei n.º 51/2009), e descobriu a "marosca" que tantos se recusam a ver. Para quem tem dúvidas fica um excerto do escrito assinado pelo "pugnador". (O itálico sublinhado é meu):

Penso que o mais importante e preocupante do Decreto-Lei n.º 51/2009, e que até hoje nem dgrhe, nem sindicatos souberam esclarecer, está no preâmbulo: «Por último, face à entrada em vigor da Lei n.º 12-A/2008, de 27 de Fevereiro, adaptaram-se os tipos de vinculação ao novo regime legal, sendo o processo de recrutamento efectuado através da celebração de contrato de trabalho».Com a entrada em vigor do nº 4, do Artigo 88.º da Lei 12-A/2009, onde diz que:«Os actuais trabalhadores nomeados definitivamente que exercem funções em condições diferentes das referidas no artigo 10.º mantêm os regimes de cessação da relação jurídica de emprego público e de reorganização de serviços e colocação de pessoal em situação de mobilidade especial próprios da nomeação definitiva e transitam, sem outras formalidades, para a modalidade de contrato por tempo indeterminado.»

Já o ano passado na A agenda oculta da educação chamava-se à atenção para o seguinte e as possíveis consequências que daí adviriam: "o director terá capacidade para distribuir o serviço lectivo e para renovar ou fazer cessar contratos! E aqui está um outro ponto que escapa a muita gente, fiada que está na ideia de serem quadro de escola ou de nomea­ção definitiva! Este estatuto/situação acabou de vez com a publicação da Lei nº 12-A/2008 de 27 de Fevereiro (Estabelece os regimes de vínculos, de carreira e de remunerações dos trabalhadores que exercem funções públicas). O artigo 88º, no nº 4 diz claramente o seguinte: “Os actuais trabalhadores nomeados definitivamente (…) transitam, sem outras formalidades, para a modalidade de contrato por tempo indeterminado.” Isto significa tão só que o contrato pode acabar já amanhã! É quase certo que o corpo especial da função pública que são os professores vão ser integrados na carreira de técnico superior (aliás, a definição dela encaixa perfeitamente na situação de professores, médicos, enfermeiros… - veja-se a referida legislação). Outro aspecto legislativo impor­tante é que se irá aplicar aos trabalhadores da função pública a legislação geral do trabalho, com todas as implicações que tal acarretará.

Tenho a impressão que continua muita gente distraída. E o Decreto 75/2008 (Gestão e direcção escolares) não vai ajudar em nada para o lado dos professores. A precarização e proletarização da função docente é mais um passo em direcção à privatização das escolas. Esperem pelo termo das obras nas secundárias pela Empresa Parque Escolar e depois verão o rumo que isto leva.