03 setembro, 2007

Santa Ignorância....

Mais uma vez vem ao de cima o desconhecimento da realidade do país ou então, e pior que isso, objectos inconfessados de quem nos governa.


Do Público on-line
Ministra da Educação justifica desemprego docente com desajuste entre oferta e procura
03.09.2007 - 15h35 Lusa

A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, justificou hoje o aumento do desemprego na classe docente com o desajuste entre a oferta de formação superior e as necessidades da rede escolar do Ministério da Educação (ME).
(... e disse mais outras baboseiras...)
Vamos por partes.
É sabido de há longa data que existem demasiados candidatos a professores em determinadas áreas que se encontram sobrelotadas. Acontece que se há alguns anos essas áreas eram a Filosofia e a História, actualmente nenhuma das restantes escapa a esse excesso de oferta e daí o elevado número de indivíduos que são lançados no desemprego todos os anos.
Se por um lado é uma realidade a diminuição de alunos no sistema educativo (200 000) entre 1995 e 2005, não menos verdade é que os cursos de formação de professores continuam a pulular por aí em Universidades públicas e privadas. E os sucessivos governos sabem disso! E mais, autorizam constantemente a abertura desses cursos de formação de professores (cursos muito baratos, do chamdo papel e lápis).
É bom que se saiba porque os autorizam. E eles sabem que é errado, em termos de futuro manter esses cursos no activo (se fosse nos privados, ainda vá lá, é um risco pessoal, agora no público, com dinheiros que são de todos, chama-se esbanjamento para atingir determinados fins - mas ninguém os responsabiliza).
Adiante. Se formos a ver, quase 50% dos cursos das universidades públicas ou são "licenciaturas em ensino", ou ligados à pedagogia, ou ainda cursos que sendo de determinadas áreas científicas a saída (reconversão diga-se) mais palpável é mesmo o ensino (ex. biologia, física e química, matemáticas, etc...).
São baratos, já se disse atrás. Mas para além disso, são cursos que cumprem uma função social extremamente importante - o apaziguamento da sociedade.
Concretizando. Criou-se na sociedade portuguesa a ideia/mito que o "canudo" obtido no ensino superior era um passaporte para o sucesso na vida! Mais. O direito ao acesso ao ensino superior foi confundido com a "obrigatoriedade" de ingresso no ensino superior (daí a transformação idiota dos politécnicos em ensino superior com direito a licenciaturas, mestrados e também queriam dar doutoramentos).
Ora como os cursos técnicos são caros (medicinas, engenharias, etc....) e havia necessidade de "enfiar" muita gente no Superior com urgência, abriram-se cursos de "papel e lápis" a granel sem olhar às reais NECESSIDADES do país.
Com isto matavam-se dois coelhos de um a cajadada só. Satisfazia-se a ânsia de entrada no ensino superior da população e adiava-se a entrada da juventude no mercado de trabalho que não estava preparado para os acolher. Também o secundário não dava resposta pois os "queridos" políticos deram-se ao trabalho de acabar com as antigas escolas comerciais e industriais, não abrindo oportunidades para um ensino profissional.
Os resultados saltam agora à vista: uma legião de gente formada superiormente que não tem saída profissional. Apenas lhes resta o desemprego. PorquÊ?
Porque esta gente que se diz política, e que se sente responsável pelos destinos do país NÃO TEVE CORAGEM DE EMENDAR A MÃO E FECHAR OS CURSOS VIA ENSINO.
Era bom que os agora licenciados e desempregados lhes pedissem contas... à moda de Fafe!!!
A senhora ministra, mais uma vez, sacode a água do capote como se não fosse nada com ela e com os seus parceiros de governo!
Basta, minha senhora, de tanta asneira!

Sem comentários: