31 maio, 2007

Seja um engenheiro em 12 aulas práticas

Plano estratégico de certificação

28 maio, 2007

Luis Nobre Guedes - um liberal arrependido?

De facto a globalização não agrada a muitos. O governo Sócrates também não!. Mesmo a direita arregimentada no CDS/PP se sente ultrapassada pelo PS de Sócrates! Mas afinal o que é o PS de Sócrates e quem é Sócrates? O post anterior do texto de A. Barreto pode ajudar a perceber...
Esta entrvista completa está no Expresso on-line:
http://expresso.clix.pt/Actualidade/Interior.aspx?content_id=395273


Porque é que um liberal há vinte anos sente que hoje o liberalismo já não é solução?

Porque o mundo mudou. Hoje há um fenómeno de globalização completamente incontornável e houve fenómenos que vão ao arrepio daquilo que se pensava que pudesse ser a evolução da sociedade. Hoje há mais ricos e há mais pobres. Há um fosso maior entre ricos e pobres, entre países ricos e pobres. Há uma ideologização do sucesso pelo sucesso, de que o dinheiro é o único valor, coisas com as quais eu não posso concordar.
Normalmente quem diz isso é quem teve sucesso e tem dinheiro…
Normalmente quem tem este discurso é a esquerda. Eu ouvi Mário Soares dizer isto no discurso dos 34 anos do PS – que não se podia rever numa sociedade assim em que o dinheiro é que comanda e motiva as pessoas. Eu concordo com ele.
Hoje que rótulo lhe serve?
Tenho alguma dificuldade, porque tenho tido uma evolução um pouco sui generis. Eu acho que a direita muitas vezes tem pecado por três circunstâncias com as quais eu não me posso identificar. A direita não tem tido uma preocupação solidária, muitas vezes tem uma atitude anti-social; tem sido muitas vezes avessa à modernidade; e muitas vezes não é tolerante. Eu não me identifico com esse tipo de atitude da direita. Por exemplo, tenho dificuldade em aceitar algo como o Compromisso Portugal. É uma visão da sociedade de quem não anda com os pés assentes na terra. Todas essas teorias da revolução liberal cairiam se essas pessoas saíssem dos seus escritórios e das suas consultoras bem instaladas e passassem uma semana no Hospital de São José, a ver o que é a pobreza, ou se fossem à Pampilhosa da Serra ver o que é a desertificação, o Interior. Existem dois milhões de pessoas em Portugal que vivem abaixo de 60% da média nacional, há cerca de 21% da sociedade portuguesa que vive em risco de pobreza, e 15% há mais de dois anos, e as crianças e os idosos são os mais afectados. Contra estes fenómenos todos eu não acho que seja possível substituir o Estado. A primeira preocupação do Estado tem que ser responder a estes fenómenos de extrema injustiça e pobreza, que é crescente em Portugal. Num país como o nosso o Estado não pode deixar de ter uma intervenção que é insubstituível.

O que está a dizer é que não se pode confiar no mercado para resolver esses problemas. Mas mesmo os liberais admitem que o Estado crie uma rede de segurança que previna situações extremas…

Estou a falar de mais do que isso. Acho que o Estado é insubstituível em dois domínios fundamentais. Primeiro, dar alguma segurança e garantia relativamente aos direitos adquiridos em termos de pensão de reforma. Hoje vive-se em Portugal um sentimento novo, o receio generalizado das pessoas ao ver que aquilo que era intocável pode ser tocado – as pensões de reforma. Depois, a saúde. Há que ter a noção que o nosso sistema não é tão mau quanto o pintam, mas pode ser melhor, e é a única forma de dar um mínimo de segurança em termos de saúde às pessoas que não têm outros meios. Eu costumo dizer que estou aqui porque sou rico, se não fosse rico tinha morrido com o [problema de saúde] que tive. Mesmo admitindo que algumas coisas têm que mudar para salvar o essencial, não tenho dúvidas nenhumas que num país como o nosso uma concepção liberal seria uma catástrofe social, por isso não acredito nesses discursos que são muito sedutores, muito retóricos, mas que não têm nada a ver com a realidade.

Uma análise certeira

Este texto de Barreto ficará para a História. É uma análise fria e desapixonada da realidade política do país e, mais particularmente, do Partido (dito) Socialista e do seu líder (dito) engnheiro José Sócrates. (Os sublinhados são meus).


ENFIM, SÓ!
Público, 27.05.2007
António Barreto
Retrato da Semana

A saída de António Costa para a Câmara de Lisboa pode ser interpretada de muitas maneiras. Mas, se as intenções podem ser interessantes, os resultados é que contam. Entre estes, está o facto de o candidato à autarquia se ter afastado do governo e do partido, o que deixa Sócrates praticamente sozinho à frente de um e de outro. Único senhor a bordo tem um mestre e uma inspiração. Com Guterres, o primeiro-ministro aprendeu a ambição pessoal, mas, contra ele, percebeu que a indecisão pode ser fatal. A ponto de, com zelo, se exceder: prefere decidir mal, mas rapidamente, do que adiar para estudar. Em Cavaco, colheu o desdém pelo seu partido. Com os dois e com a sua própria intuição autoritária, compreendeu que se pode governar sem políticos.
Onde estão os políticos socialistas? Aqueles que conhecemos, cujas ideias pesaram alguma coisa e que são responsáveis pelo seu passado? Uns saneados, outros afastados. Uns reformaram-se da política, outros foram encostados. Uns foram promovidos ao céu, outros mudaram de profissão. Uns foram viajar, outros ganhar dinheiro. Uns desapareceram sem deixar vestígios, outros estão empregados nas empresas que dependem do Governo. Manuel Alegre resiste, mas já não conta. Medeiros Ferreira ensina e escreve. Jaime Gama preside sem poderes. João Cravinho emigrou. Jorge Coelho está a milhas de distância e vai dizendo, sem convicção, que o socialismo ainda existe. António Vitorino, eterno desejado, exerce a sua profissão. Almeida Santos justifica tudo. Freitas do Amaral reformou-se. Alberto Martins apagou-se. Mário Soares ocupa-se da globalização. Carlos César limitou-se definitivamente aos Açores. João Soares espera. Helena Roseta foi à sua vida independente. Os grandes autarcas do partido estão reduzidos à insignificância. O Grupo Parlamentar parece um jardim-escola sedado. Os sindicalistas quase não existem. O actual pensamento dos socialistas resume-se a uma lengalenga pragmática, justificativa e repetitiva sobre a inevitabilidade do governo e da luta contra o défice. O ideário contemporâneo dos socialistas portugueses é mais silencioso do que a meditação budista. Ainda por cima, Sócrates percebeu depressa que nunca o sentimento público esteve, como hoje, tão adverso e tão farto da política e dos políticos. Sem hesitar, apanhou a onda.
Desengane-se quem pensa que as gafes dos ministros incomodam Sócrates. Não mais do que picadas de mosquito. As gafes entretêm a opinião, mobilizam a imprensa, distraem a oposição e ocupam o Parlamento. Mas nada de essencial está em causa. Os disparates de Manuel Pinho fazem rir toda a gente. As tontarias e a prestidigitação estatística de Mário Lino são pura diversão. E não se pense que a irrelevância da maior parte dos ministros, que nada têm a dizer para além dos seus assuntos técnicos, perturba o primeiro-ministro. É assim que ele os quer, como se fossem directores-gerais. Só o problema da Universidade Independente e dos seus diplomas o incomodou realmente. Mas tratava-se, politicamente, de questão menor. Percebeu que as suas fragilidades podiam ser expostas e que nem tudo estava sob controlo. Mas nada de semelhante se repetirá.
O estilo de Sócrates consolida-se. Autoritário. Crispado. Despótico. Irritado. Enervado. Detesta ser contrariado. Não admite perguntas que não estavam previstas. Pretende saber, sobre as pessoas, o que há para saber. Deseja ter tudo quanto vive sob controlo. Tem os seus sermões preparados todos os dias. Só ele faz política, ajudado por uma máquina poderosa de recolha de informações, de manipulação da imprensa, de propaganda e de encenação. O verdadeiro Sócrates está presente nos novos bilhetes de identidade, nas tentativas de Augusto Santos Silva de tutelar a imprensa livre, na teimosia descabelada de Mário Lino, na concentração das polícias sob seu mando e no processo que o Ministério da Educação abriu contra um funcionário que se exprimiu em privado. O estilo de Sócrates está vivo, por inteiro, no ambiente que se vive, feito já de medo e apreensão. A austeridade administrativa e orçamental ameaça a tranquilidade de cidadãos que sentem que a sua liberdade de expressão pode ser onerosa. A imprensa sabe o que tem de pagar para aceder à informação. As empresas conhecem as iras do Governo e fazem as contas ao que têm de fazer para ter acesso aos fundos e às autorizações.
Sem partido que o incomode, sem ministros politicamente competentes e sem oposição à altura, Sócrates trata de si. Rodeado de adjuntos dispostos a tudo e com a benevolência de alguns interesses económicos, Sócrates governa. Com uma maioria dócil, uma oposição desorientada e um rol de secretários de Estado zelosos, ocupa eficientemente, como nunca nas últimas décadas, a Administração Pública e os cargos dirigentes do Estado. Nomeia e saneia a bel-prazer. Há quem diga que o vamos ter durante mais uns anos. É possível. Mas não é boa notícia. É sinal da impotência da oposição. De incompetência da sociedade. De fraqueza das organizações. E da falta de carinho dos portugueses pela liberdade.

22 maio, 2007

As voltas que as coisas dão... ou guardado está o bocado...

De facto e de espanto em espanto a política portuguesa segue impávida e serena o seu curso habitual, com as suas também habituais interferências e relações no mínimo passíveis de serem consideradas perigosas.
A lista apresentada para a Câmara de Lisboa pelo Partido Socialista e respectivo cabeça de cartaz António Costa (o ex-ministro, ex-deputado europeu) apresenta como seu lugar tenente (braço direito ou vice-presidente) uma figura de quem o emproado Hannibal Lecter do PS (também reconhecido por Manuel Maria Carrilho, ex-candidato à Câmara de Lisboa, ex-ministro do governo Guterres e deputado quando disponível) já disse o que Maomé não disse do toucinho:
"Este almoço foi todavia, para minha inteira surpresa e, devo dizer, não menor perplexidade, precedido de vários recados, de proveniência muito diversa mas de conteúdo sempre idêntico - O Salgado quer ser vereador. A minha perplexidade decorria de eu saber que Manuel Salgado tinha muitos projectos em curso na cidade de Lisboa, o que configurava uma situação de óbvio, e perturbante, conflito de interesses. Foi isto, de resto, depois de ele me confirmar o seu desejo de integrar a minha equipa, que eu lhe disse com toda a frontalidade. Ele reconheceu que havia dificuldades, mas que juridicamente havia soluções, que se podia pensar num blind trustee para dirigir o seu atelier. Tudo me pareceu pouco claro, pelo que ficámos de pensar melhor no assunto - mas eu fiquei muito preocupado, não só juridicamente mas também eticamente, com os contornos desta inesperada situação."
in Manuel Maria Carrilho, SOB O SIGNO DA VERDADE, D. Quixote, página 53.

Ora bem! Isto só pode significar que existe muita coisa por detrás de tão referenciada figura! A insistÊncia por um lugar na CML aponta para a continuidade de ligações muito esquisitas. Muita promiscuidade entre interesses privados (se calhar) e o interesse dos lisboetas (neste caso). Resumindo, uma vitória de Costa significa tão só a continuação de "mais do mesmo".

21 maio, 2007

A verdade escondida

Uma análise fria à realidade política portuguesa de Baptista Bastos. O resto pode ser encontrado aqui:
O panorama político português é esta desgraça emoliente. Uma casta de segunda ordem assenhoreou-se do poder, à custa de promessas enganosas, de mentiras toscamente urdidas, de manifestas trapalhadas, de trocas de favores. O PS e o PSD correspondem-se nessas pequenas, porém torpes manigâncias. Deixou, há muito, de haver "espírito de missão", de batalhas ideológicas, de polémicas determinadas pelas convicções. É tremendo que a governação esteja entregue a uma gentalha cujos desígnios se situam entre ganhar ou perder.
Dizem-nos que vamos bem de economia, metralham-nos com palavras ocas, enchem-nos de propaganda. Nada do que dizem corresponde à verdade. Cercam aqueles de que mais precisam. São calamitosos e, até, obscenos, os lucros dos bancos, das companhias de seguros, das grandes multinacionais. Confunde-se, deliberadamente e por estratégia ideológica, finanças com economia. Atiram-nos com números, desprovidos de qualquer sentido do humano. O fosso entre dirigentes e dirigidos, entre governantes e governados atinge índices semelhantes aos do tempo do fascismo. As fabulosas fortunas, obtidas cavilosamente e em tempo récord, escapam ao mais vulgar entendimento. As sondagens são eloquentes: a esmagadora maioria dos "empresários" portugueses sofre de iliteracia galopante. As comparações com o estrangeiro tornam-se estarrecedoras pelo volume de disparidade.

15 maio, 2007

Eleições em Lisboa...

Lisboa vai a votos. E vai a votos porque o sistema que anteriormente existia e desgovernava Lisboa se corrompeu. Por outras palavras, o sistema faliu. Faliu nas pessoas, faliu nos partidos, faliu na gestão da coisa pública. As primeiras porque mostraram o que eram (ou não eram), os segundos porque foram e são permeáveis a interesses e a última porque "valores mais importantes se levantaram".
No fundo, no fundo... zangaram-se as comadres...
E vamos a mais do mesmo Será mesmo?
A coisa está feia. Veja-se:
o PSD levou uma brilhante nega de Fernando Seara, presidente da Câmara de Sintra. Ainda bem pois não ficava nada bem a alguém com compromissos assumidos largar um para assumir outro. Uma questão de ética.
O PS tem um grande problema - não tem NINGUÉM. A ponto de, pasme-se, SACRIFICAR o nº 2 do governo, o nº 2 do partido, o "braço direito e esquerdo" de Sócrates numa corrida a uma Câmara Municipal, assumindo o risco (enorme) de perder e ficar descalço. Mas significa mais ainda. Significa que a comandita de Sócrates não tem NINGUÉM de verdadeiro peso que dê a cara por este governo, que assuma o desafio. Ninguém... é sinal de isolamento! Se o que o governo faz estivesse bem visto (e eles sabem-no) não faltariam candidatos. Em suma, sinal claro e nítido de ISOLAMENTO.
O Partido Comunista apresenta o mesmo (Ruben de Carvalho) com a qualidade que se lhe reconhece.
O bloco de Esquerda insiste em Sá Fernandes com o seu traço polémico característico.
O PP (Paulo Portas) está literalmente descalço - talvez tente Anacoreta Correia!
O resto dos partidos não conta!
De fora do baralho previsível surge uma candidatura independente - HELENA ROSETA. Um novo movimento de cidadãos descontentes com este estado de coisas. Cidadãos que não querem mais do mesmo!
Achei "interessante" o comentário do' prof. Marcelo: "a mulher" tem uma boa dose de loucura! Nem mais! Dixit prof Martellus!
No meio de muitas baboseiras "comme d'habitude" ficou esta mais. O professor já não enxerga nada mais para além dos partidos! Tudo quanto sair fora dos partidos é loucura. Já quando Alegre avançou com a candidatura presidencial era uma "loucura" - recokheria uns votozitos do PS, da CDU, de alguns indecisos, e pronto! Ficaria por aí.
Viu-se o que foi! Marcelo não consegue pensar fora da lógica partidária. Ainda não conseguiu perceber que o esquema partidário está esgotado! Que os partidos já não seduzem ninguém a não ser pelas prebendas que possam dar! E por isso mesmo estão cada vez mais desacreditados! O povo, sim esse povo com direito a voto e que labuta, está farto de cada vez mais do mesmo! Por isso cada vez mais se abstém! E apenas participa quando há algo de novo! E de novo já esteve - a candidatura de Alegre nas presidenciais; e há de novo mais - a candidatura de Roseta a Lisboa. Uma nova forma de participação política está lentamente a emergir.
Se não surgirem golpes baixos (parece que a marcação da data das eleições já foi um) será possível visualizar muito do descontentamento da população. Os partidos correm um sério risco com a candidatura de Roseta. É que os partidos têm de perceber uma coisa - o número de descontentes com a sua actuação é muito superior aos que com ela beneficiaram.

14 maio, 2007

Mudam-se os tempos...

"Pilhei" esta citação ao Paulo Guinote do A Educação do meu umbigo. Creio que não se importará.
Mas o importante é que este texto foi escrito em 1899, época de plena afirmação do liberalismo!
Quantas semelhanças com os dias de hoje. Podia mesmo ter acabado de ser escrito que ninguém dava pela diferença. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades?? Ou será antes o eterno retorno??
Camadas inteiras da população vivem hoje num estado de apatia permanente, não experimentando mais nem alegria de viver nem amor. Este novo modo de existência, estranho a toda a asensibilidade artística, oprime e mortifica os espíritos refinados, que preferem retirar-se da vida pública. É triste constatar que o ritmo desenfreado da época actual influi sobre nós de maneira nefasta e prejudicial desde a infância. No entanto, este fenómeno parece inevitável. Podemos lamentar simplesmente que as nossas pequenas distracções sejam, depois de algum tempo, elas próprias afectadas pela impaciência moderna. A nossa maneira de fruir as coisas é a custo menos febril e extenuante que a prática da nossa profissão. Obedecemos à divisa que manda «fazer o máximo no mínimo de tempo». Assim a alegria diminui, mau-grado a multiplicação dos divertimentos.
(Herman Hesse, “Propos sur les joies modestes de l’existence” in L’art de l’oisiveté, pp. 13-14)

08 maio, 2007

Quando Henrique Neto diz tem outro significado

Em entrevista ao Correio da Manhã:

Correio Domingo
2007-05-06 - 00:00:00
Entrevista: Henrique Neto

O governo de Sócrates é feito de enganos

- Durante a governação do Eng. António Guterres, as suas críticas foram bastante acentuadas.
- A nossa relação azedou quando ouvi numa reunião do grupo parlamentar, alguém chamar a atenção em tom de crítica, de que havia pessoas que escreviam nos jornais contra o partido. Lembro-me que um dos nomes era Dr. António Barreto. No final, o Eng. António Guterres disse que não estava preocupado, porque no fundo “o que eles têm é inveja de nós estarmos aqui”. Eu respondi-lhe que, a partir do momento que os governos deixam de ouvir, perdem legitimidade. Acabei por escrever uma carta. Lendo-a hoje, dá-me vontade de rir. Tudo o que lhe aconteceu está lá escrito: o governo não governou bem.
- E o actual?
- Também não. É um governo feito de enganos. Os portugueses estão a favor do governo, dizem que o Eng. Sócrates governa bem, mas é pura ficção. O governo é muito hábil em fazer passar objectivos consensuais: umas vezes não tem levado à frente esses objectivos, porque não quer, e outras vezes, por- que não sabe. Tem muitas manobras de diversão. É muito difícil saber se o Eng. Sócrates quer ou não uma coisa. Lança até ideias que não quer, com o intuito de serem queimadas

07 maio, 2007

Vocês já viram esta???

Há dias em que as coisas correm todas mal! Pior não podia mesmo ser para as bandas do Rato. Foi o banho nas eleições da Madeira (a desculpa da campanha de Jardim não colhe pois perde votos)! Foi o fim daquilo que parece ser a "esquerda folclórica" do Maio de 68 com a vitória de Sarkozy nas presidenciais francesas, deixando a candidata socialista (?) da "esquerda moderna"(? ou neo-liberal??) a confortáveis 6%.
Mas antes, já antes se aflorava a questão da escandaleira do potencial consul honorário no Brasil. No Público vinha esta notícia:

Máfia dos bingos financiou PS no Brasil e queria casino em Lisboa
05.05.2007 - 10h01 : Nuno Amaral Rio de Janeiro

O PSD exige que o PS esclareça "com urgência" as ligações dos socialistas aos detidos na operação Furacão, um grupo acusado de, a partir do Brasil, negociar sentenças judiciais e decisões políticas para beneficiar casas de bingo e de máquinas de jogos de azar. Licínio Soares Bastos, um dos empresários portugueses detidos, é dos maiores financiadores do PS no Brasil e suportou grande parte das despesas da campanha do candidato socialista ao círculo fora da Europa nas legislativas de 2005, Aníbal Araújo.
Licínio é também proprietário do imóvel onde está instalada a sede do PS no Rio de Janeiro, na Barra da Tijuca. O empresário viria a ser nomeado cônsul honorário de Portugal em Cabo Frio, um ano depois de José Sócrates chegar ao poder, mas o processo nunca chegou a ser formalizado junto do Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
A Polícia Federal (PF) brasileira suspeita que o português fosse o intermediário do grupo nas negociações para abrir casinos em Portugal e no Brasil. (...) Licínio Soares Bastos é natural de Oliveira de Azeméis, de onde é também oriundo o candidato do PS ao círculo de fora da Europa em 2005, Aníbal Araújo. O primeiro é fundador de alguns dos jornais administrados por Aníbal Araújo. Antes das legislativas de 2005, a confusão instalou-se na secção do PS no Rio de Janeiro (...) Terá sido por essa altura que se tornaram públicas as relações entre Aníbal Araújo e Licínio Bastos - alguns elementos do PS defendem que o empresário brasileiro impôs o nome do futuro candidato. "Foi então que o sr. Licínio [Soares Bastos] disse que foi contactado pela direcção do PS para ajudar o partido. Aí, criou a sede e pagou a campanha de Aníbal Araújo" (...). O deputado José Lello, antigo secretário de Estado e responsável pela área das Comunidades Portuguesas do PS, também alega desconhecer a origem do financiamento. "Isso é da responsabilidade do candidato. Conheci Licínio Soares Bastos durante essa campanha, foi-me apresentado por Aníbal Araújo. Não sei se foi ele o financiador". Colocando a tónica na sede do partido e na "generosidade" do empresário agora detido, o social-democrata Eduardo Moreira recorda conversas antigas. "Eu não sei se há promiscuidade ou não, sei é que o sr. Licínio dizia que o apoio ao PS lhe renderia contrapartidas comerciais em Portugal", sublinhou.Um ano depois de o PS chegar ao poder, Licínio Soares Santos foi nomeado cônsul honorário de Portugal em Cabo Frio, a 150 quilómetros do Rio de Janeiro. A nomeação, despachada pelo secretário de Estado das Comunidades, António Braga, foi publicada em Diário da República dia 16 de Maio de 2006, mas veio a ser suspensa meses depois quando se constatou que Licínio Bastos estava a ser investigado pelas autoridades brasileiras. (...) "Em Cabo Frio residem no máximo 20 portugueses, não faz sentido abrir aí um consulado e encerrar o de Santos, onde habitam cerca de 15 mil pessoas com ligações a Portugal", disse [Eduardo Moreira].

E completa-se com esta outra informação curiosa:
http://www.ordens.presidencia.pt/txt_destaques.htm
10 de Junho
Imposição de insígnias na Sessão Solene Comemorativa do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas
Porto · 2006
Foram agraciadas diversas personalidades, na Sessão Solene Comemorativa do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas no Porto, em cerimónia de imposição solene de insígnias das Ordens Honoríficas, presidida pelo Presidente da República Portuguesa, Prof. Doutor Aníbal Cavaco Silva.
· Lista de agraciados:
(...)
Ordem do Infante D. Henrique
(...)
Comendador
(...)
Aníbal de Oliveira Araújo
Começam de facto a ser coincidências a mais...

04 maio, 2007

As fadigas dos deputados

Na edição on-line do Jornal de Negócios volta meia volta encontrados excelentes textos assinados por diversos autores, entre os quais Baptista Bastos. O tema desta vez explanado é sem dúvida interessante. E devia levar toda a gente a reflectir verdadeiramente sobre o sistema político português. Melhor, sobre a viabilidade deste sistema assente numa partidocracia que a ninguém representa a não ser um conjunto de interesses pessoais, obscuros e, na maior parte das vezes incompreensíveis ao comum cidadão. Este, de facto, não se sente representado. Depois constata o distanciamento entre as regalias daqueles que supostamente elege e o deveriam representar (ou representar a sua terra/região) e aquilo que recebe em troca. A democracia não está de facto a funcionar. Este sistema está montado não só para manter uma aparência de democracia e participação mas também um controle sobre o poder político de uma oligarquia fechada sobre si própria que com alguma regularidade pergunta ao povo se este quer que o continuem a oprimir.


Baptista Bastos
As fadigas dos deputados
b.bastos@netcabo.pt

Há um preconceito reverencial sobre o Parlamento, em matéria de crítica. Atacar a "nobre instituição" é ferir o "coração da democracia", diz quem julga saber. Mas não sabe, ou oculta o que pretende com esta sistemática recusa da crítica. O Parlamento não é intocável.
Se censuráveis podem ser Presidentes da República, presidentes da Assembleia, primeiros-ministros e ministros – porque razão obscura o Parlamento ficaria à margem da vistoria?
A confusão é favorável às emboscadas da malícia. Escudados na fortaleza de São Bento, os parlamentares misturam as conveniências pessoais com as nobres exigências do cargo para que foram eleitos. A baralhada começa aí. Quem os elege são os partidos, as máquinas partidárias, que beneficiam o servilismo, as bajulações, a obediência. Os recalcitrantes, os que levantam objecções aos dirigentes partidários são irremediavelmente trucidados.
Pessoalmente, não sei quem é o "meu" deputado, aquele que propugna pelos interesses do grupo social, profissional e ideológico a que pertenço. Não tenho ninguém a quem pedir contas. Não me reconheço em nenhum daqueles que dizem falar por mim – mas não falam. Os comentários tecidos em redor das actividades dos deputados são estarrecedores. O dr. Cavaco, depois do dr. Sampaio, proclama a urgência de se "dignificar" a política e o Parlamento. Nada se faz, se tem feito, para a moralização de uma actividade que devolve de si mesma a imagem da mais absoluta das inutilidades.
Os parlamentares demonstram uma ociosidade exasperante, são faltosos, falaciosos e fraudulentos: assinam o ponto e escapulam-se para os negócios privados, para os encontros que resultam em postos bem remunerados. Muitos deles servem-se da função para trocar favores, tratar da vidinha, organizar teias reticulares de amizades que, no futuro, irão beneficiá-los. Não digo nada de novo. Apenas torno público o que se sussurra.
O lugar de deputado é a base económica do apoio individual. A partir desse vencimento, parte-se para outras aventuras salvíficas da nação. Garante-se, primeira, uma reforma animosa. Há fortunas que se fizeram, fortunas imensas, obscenas, tendo como rampa de lançamento a Assembleia da República. Seria bom e extremamente útil saber-se das "aposentações" dos deputados, de todos eles, a fim de se separar o trigo do joio, desde a Constituinte até agora. Há criaturas que frequentaram o hemiciclo durante duas, três, quatro legislaturas sem jamais formularem uma ideia, apresentarem um protesto – sem nunca terem aberto a boca.
As fotos de Imprensa e as profusas imagens que as televisões nos dão constituem argumentos favoráveis à nossa repulsa. O "Tal & Qual" da semana anterior titula "Biscateiros da Nação" um texto no qual se diz que mais de uma centena de parlamentares "se desdobram entre a Assembleia da República e cargos, funções e actividades privadas". E adianta que Jorge Neto, aplicado militante do PSD, é "o campeão dos papa-empregos: tem 13".
Com a minha débil e rouca voz manifesto a Jorge Neto a minha mais rendida e comovida homenagem. As fadigas por que passa este português ilustre, "desdobrando-se", diligente e zeloso, entre a salvação da pátria e a direcção de empresas, companhias, por aí fora, impedem-no, certamente, de ter vida particular, de ler, ir ao teatro, ao cinema; de ouvir e ver, nas televisões, os altivos pronunciamentos do seu chefe, Marques Mendes. Almoça? Janta? Vai ao futebol? Chacina a massa cinzenta com minuciosas leituras de doutrinadores políticos? Delicia-se com os adoráveis textos de Rita Ferro? Prefere Saramago a Lobo Antunes? Que pensa de Marcelo Rebelo de Sousa? Atende às recomendações semanais do nunca assaz louvado António Vitorino?
Estas dramáticas interrogações assolam o espírito do mais vulgar dos mortais, tendo em conta a informação prestada pelo "Tal & Qual". Evidentemente, o caso de Jorge Neto não é único, mas parece-me exemplar. Ele costuma comentar, nas televisões onde a sua opinião é preciosamente escutada, as evanescências éticas de militantes e dirigentes de outros partidos; de criticar, com acerba inclemência, o desregramento do País, a ausência de competitividade dos trabalhadores, os prestígios da globalização como mecânica estruturadora do mundo do trabalho, a flexibilização?
Evidentemente, outros casos são referidos, ou aludidos, na peça publicada naquele semanário. O dr. Matos Correia, admirável presidente da Comissão de Ética da Assembleia da República, declara "que todas as actividades dos deputados são susceptíveis de gerar incompatibilidades ou impedimentos". A afirmação, por inócua e desviante, nada diz. Como inócua e confusa é a proposta do extraordinário socialista António José Seguro, ao que parece destinada a criar um documento moralizador da baderna que tem sido embalada na "nobre instituição". Seguro é procedente da Juventude Socialista, alfobre, como todos os agrupamentos juvenis de todos os partidos, de um grupo de ociosos, cuja "profissão" é a de "político". Há anos, o audaz Seguro "concedeu" uma grave entrevista ao pesado "Expresso", que serviu de devastadoras anedotas e de hilariantes comentários. Dizia ele estar "cansado da política" caseira, mas totalmente disponível a servir a pátria augusta nas canseiras do Parlamento Europeu. E para lá foi, coitado!
Não é por decreto que se estabelece a morigeração das almas nem o rigor das práticas institucionais. Repare-se nas comissões de inquérito, de ética, de isto e de aquilo que povoam São Bento. Servem para alguma coisa de concreto? Dizem que os vencimentos dos deputados são de molde a impedir que os melhores entre os melhores lá estejam. Mas, pergunta-se, e o tal espírito de missão, tão apregoado pelos partidos?
Em consciência, como se pode dar crédito a esta gente que tem desacreditado a acção, presumivelmente vigilante e redentora, do Parlamento? Obter um lugar de deputado é melhor do que ganhar o Euromilhões. Deste prémio toda a gente fica a saber. As pedinchas são inumeráveis. As tentações externas não param. Assim como assim, estar sentadinho nas bancas da Assembleia dá direito a muitas outras coisas, omissas e dadivosas. E também permite bater-se grandes sonecas.
Voltarei, certamente, ao assunto.

01 maio, 2007

O regresso da Inquisição ou um novo Estado Pidesco?

Esta é, sinceramente, mais uma que não lembra ao diabo! Abrir a caça aos fumadores! Caramba, fui fumador mais de 30 anos. Deixei de fumar por minha iniciativa já vai para um anito. Não tenho aversão aos fumadores. Tenho mais aversão a "denunciantes". Da mesma forma que o Estado quer combater a corrupção na administração pública "convidando" os funcionários a "voluntariamente" a denunciarem (e para o efeito lançou uma cartilha de "boas práticas"), agora "convida" o cidadão a denunciar o "pecaminoso" fumador.
Estamos a ir por um lindo caminho! A segregação (que a constituição proíbe!) chega agora a estas bandas. Tudo isto abre caminho para outras formas de dominação e de terror. Progressivamente o leque será naturalmente alargado a outras àreas. Perspectiva-se um cercear de liberdade aos autores de blogues suspeitosamente subversivos. Talvez mais tarde a quem consuma bebidas alcoólicas; depois, se calhar, ao acto de estar parado à conversa com alguém; depois..., depois...
Quando dermos conta já será tarde demais!!!....
É pena não haver por parte de muitos cidadãos uma capacidade crítica mais activa.
É bom que se abra uma campanha de denúncia de POLÍTICOS INCOMPETENTES, MENTIROSOS, TRAFULHAS, DESONESTOS, CORRUPTOS, MANIPULADORES E FAUTORES DE TODA A RESTANTE ESPÉCIE E ARTE DE MOSCAMBILHAS
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Tabaco: nova lei obriga comerciantes a denunciar clientes fumadores

A proposta de lei anti-tabaco que o Parlamento discute amanhã na generalidade poderá obrigar os proprietários dos cafés e restaurantes com menos de cem metros quadrados a denunciar os clientes fumadores.
De acordo com a proposta de lei caberá ao proprietário do estabelecimento "chamar as autoridades administrativas ou policiais, as quais devem lavrar o respectivo auto de notícia". Por seu lado, os restantes utentes dos serviços que defendam o cumprimento da lei e se deparem com a sua infracção, poderão apresentar "queixa por escrito, circunstanciada, usando para o efeito, nomeadamente, o livro de reclamações disponível no estabelecimento em causa".

A notícia completa fica aqui:
http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1292666&idCanal=90