"Pilhei" esta citação ao Paulo Guinote do A Educação do meu umbigo. Creio que não se importará.
Mas o importante é que este texto foi escrito em 1899, época de plena afirmação do liberalismo!
Quantas semelhanças com os dias de hoje. Podia mesmo ter acabado de ser escrito que ninguém dava pela diferença. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades?? Ou será antes o eterno retorno??
Camadas inteiras da população vivem hoje num estado de apatia permanente, não experimentando mais nem alegria de viver nem amor. Este novo modo de existência, estranho a toda a asensibilidade artística, oprime e mortifica os espíritos refinados, que preferem retirar-se da vida pública. É triste constatar que o ritmo desenfreado da época actual influi sobre nós de maneira nefasta e prejudicial desde a infância. No entanto, este fenómeno parece inevitável. Podemos lamentar simplesmente que as nossas pequenas distracções sejam, depois de algum tempo, elas próprias afectadas pela impaciência moderna. A nossa maneira de fruir as coisas é a custo menos febril e extenuante que a prática da nossa profissão. Obedecemos à divisa que manda «fazer o máximo no mínimo de tempo». Assim a alegria diminui, mau-grado a multiplicação dos divertimentos.
(Herman Hesse, “Propos sur les joies modestes de l’existence” in L’art de l’oisiveté, pp. 13-14)
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