09 outubro, 2008

A grande evasão

Manuel António Pina! Hoje no JN. Como sempre, certeiro. E dou-me mesmo ao luxo de usar (abusivamente) o seu título.
Eis um dos objectivos em fase de cumprimento e execução que eu já tinha enunciado na "Agenda oculta da educação": São, obviamente, os mais velhos e consequente­mente os mais caros que irão sair, desmotivados, fartos e cansados do enxo­valho psicológico, profissional e social a que foram sujeitos. São também os mais reivindicativos, aqueles que melhor conhecem o sistema e as suas falhas, aqueles que mais se opõem a esta degradação da escola e a esta pseudo-qualidade de ensino que assim são “democraticamente empurrados” para fora do sistema.
Terá custado a perceber à opinião pública mas agora, perante estes factos evidentes e notórios, já não fica qualquer réstia de dúvida. Aos poucos, a "Agenda..." vai-se cumprindo...

A grande evasão


Se não ficasse na história da educação em Portugal como autora do lamentável "pastiche" de Woody Allen "Para acabar de vez com o ensino", a actual ministra teria lugar garantido aí e no Guinness por ter causado a maior debandada de que há memória de professores das escolas portuguesas. Segundo o JN de ontem, centenas de professores estão a pedir todos os meses a passagem à reforma, mesmo com enormes penalizações salariais, e esse número tem vindo a mais que duplicar de ano para ano.
Os professores falam de "desmotivação", de "frustração", de "saturação", de "desconsideração cada vez maior relativamente à profissão", de "se sentirem a mais" em escolas de cujo léxico desapareceram, como do próprio Estatuto da Carreira Docente, palavras como ensinar e aprender. Algo, convenhamos, um pouco diferente da "escola de sucesso", do "passa agora de ano e paga depois", dos milagres estatísticos e dos passarinhos a chilrear sobre que discorrem a ministra e os secretários de Estado sr. Feliz e sr. Contente. Que futuro é possível esperar de uma escola (e de um país) onde os professores se sentem a mais?

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