"Em que escola estavas quando foi o 25 de Abril? Em que escola estão os teus filhos?"
À célebre pergunta "Onde é que estavas no 25 de Abril?" é imperioso que se juntem agora estas duas interrogações. Experimente-se por exemplo fazer estas perguntas aos ministros, deputados, autarcas, assessores, artistas, professores... e descobrir-se-á que a maior parte deles frequentou o ensino público, mas optou pelo ensino privado na hora de inscrever os seus filhos e netos na escola. Não porque os seus filhos sejam mais ou menos inteligentes, mas simplesmente porque têm medo que a falta de exigência os embruteça.Duvido que alguns destes hipotéticos inquiridos o assumisse claramente. Dariam como justificação os horários, os amigos, às vezes até os piolhos, mas o que dificilmente diriam é que o fazem porque não acreditam na qualidade do ensino público. Muitos provavelmente serão oficialmente a favor do Estatuto do Aluno, tal como foram da afectação de tempos lectivos a "coisas" como a Área de Projecto ou da desautorização dos professores e funcionários. Na prática isso não os afecta, porque os seus filhos e os seus netos estão a salvo destes desmandos. O falhanço do ensino público em Portugal tornou-se uma ratoeira contra os mais pobres: pobreza e o insucesso escolar tornaram-se sinónimos. E assim continuaremos, para que ninguém preste contas por aquilo que começou por ser um erro e se está a transformar num crime.
Ao contrário do que se tornou quase banal dizer, não foi a massificação do ensino público que comprometeu a sua qualidade. Os responsáveis por aquilo que os rankings cruamente espelham foram aqueles que fizeram da escola pública um espaço de experiências sociológicas. Passamos a vida a discutir os programas, mas um mau programa ainda é um programa.
O pior foi baixar em cada ano lectivo o nível de exigência. Primeiro, porque era mais moderno. Depois, porque assim não se faziam distinções entre mais e menos inteligentes. Depois, porque o objectivo da escola não era ensinar conteúdos, mas sim ensinar a relacionar-se. Depois, porque já não podia ser de outro modo.
Os filhos dos pobres não são nem mais nem menos inteligentes que os filhos dos ricos. Tiveram sim o azar de os seus pais não ganharem o suficiente para os poupar a esse papel de cobaias de teorias que tanto vêem na ignorância o estado supremo da perfeição igualitária, como entendem que aprender tem de ser divertido e fácil.
Nada disto afecta quem legisla, porque os seus filhos não estão nas escolas públicas ou quando estão souberam souberam contornar o crivo das moradas e horários, de modo a frequentarem as turmas ditas "dos filhos dos professores". Quem não pode fugir das más escolas é quem não tem dinheiro nem conhecimentos.
Alguns como Francisco Louçã querem agora diabolizar os rankings, vislumbrando apoios da extrema-direita aos colégios que se encontram nos primeiros lugares. Engana-se redondamente. Quem fez a fortuna recente das escolas de maristas, jesuítas e da Opus Dei, dos colégios franceses, ingleses e modernos, sem esquecer as escolas alemãs e americanas, foram precisamente aqueles -às vezes de esquerda mas nem sempre - que resolveram que a escola pública não era o local onde todos tinham igual oportunidade de aprender, mas sim o espaço onde a irrelevância medíocre dos resultados provaria que todos podemos ser igualmente ignorantes e irresponsáveis.
Ao contrário do que se tornou quase banal dizer, não foi a massificação do ensino público que comprometeu a sua qualidade. Os responsáveis por aquilo que os rankings cruamente espelham foram aqueles que fizeram da escola pública um espaço de experiências sociológicas. Passamos a vida a discutir os programas, mas um mau programa ainda é um programa.
O pior foi baixar em cada ano lectivo o nível de exigência. Primeiro, porque era mais moderno. Depois, porque assim não se faziam distinções entre mais e menos inteligentes. Depois, porque o objectivo da escola não era ensinar conteúdos, mas sim ensinar a relacionar-se. Depois, porque já não podia ser de outro modo.
Os filhos dos pobres não são nem mais nem menos inteligentes que os filhos dos ricos. Tiveram sim o azar de os seus pais não ganharem o suficiente para os poupar a esse papel de cobaias de teorias que tanto vêem na ignorância o estado supremo da perfeição igualitária, como entendem que aprender tem de ser divertido e fácil.
Nada disto afecta quem legisla, porque os seus filhos não estão nas escolas públicas ou quando estão souberam souberam contornar o crivo das moradas e horários, de modo a frequentarem as turmas ditas "dos filhos dos professores". Quem não pode fugir das más escolas é quem não tem dinheiro nem conhecimentos.
Alguns como Francisco Louçã querem agora diabolizar os rankings, vislumbrando apoios da extrema-direita aos colégios que se encontram nos primeiros lugares. Engana-se redondamente. Quem fez a fortuna recente das escolas de maristas, jesuítas e da Opus Dei, dos colégios franceses, ingleses e modernos, sem esquecer as escolas alemãs e americanas, foram precisamente aqueles -às vezes de esquerda mas nem sempre - que resolveram que a escola pública não era o local onde todos tinham igual oportunidade de aprender, mas sim o espaço onde a irrelevância medíocre dos resultados provaria que todos podemos ser igualmente ignorantes e irresponsáveis.
1 comentário:
Eu sei a diferença entre o privado e publico:
1ºao 4º andei no publico,
5º ao 9º - privado
10º publico (passei este ano para o 11º)
Gosto mais do publico. Andei num colégio de freiras, onde com essas tais turmas de filhos de professores e filhos das pessoas mais prestigiadas do concelho. Onde mesmo que desenhasses mal ou fosses mau a educação fisica tinhas um 4 ou 5, porque o comportamento vale 20% da nota final, e mesmo que não chegasse lá os profs ate simpatizavam contigo e davam-te a tal nota para poderes ir para o quadro de excelencia.
Promoviam a compettitividade feroz e subtil. Havia muitos grupinhos e as pessoas eram só fachada. Muitos sorrisinhos pla frente e por detras cochichos... Odeei.
No publico se eu quiser dizer a um professor: " o stor tem de impor mais respeito" o stor diz-me que não se importa, mas se dissesse no privado ia logo ao gabinete da directora. E isot porque no privado todos os profs são bons.
E isto porque não há violência no privado.
E sabem porque é que não há? Porque desde cedo as criancinhas sempre foram educadas para não se portarem mal e sorrirem sempre, mas a raiva , essa tem de sair por algum lado. Assim, sai geralmente por detrás das costas.
No público a preparação para a vida é a melhor que se pode ter; nos privados preparam-nos para contos de fadas; preparam-nos para os exames e não para a vida; Preparam-nos para o ano seguinte, para a universidade, mas não para a vida.
No privado a vida é fachada. Lá dentro existe um ambiente super controlado onde não nos é permitido sermos crianças, adolescentes, rebeldes até. Onde controlam o que dizes. Onde não podes ter a liberdade para te baldares.
Viva o público!
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