Na Conferência “A Ciência Terá Limites?” que começou ontem na Gulbenkian, Steiner afirmou que a Europa está em tão mau estado que ninguém pode estar optimista. O ensaísta, e professor em Cambridge, considera que outras civilizações irão ocupar o seu lugar. E que as igrejas vazias são um símbolo do fim do cristianismo clássico numa Europa que enfrenta, hoje, uma grande crise de esperança.«Desde a revolução francesa que a esperança tem estado sempre à esquerda. Mas hoje não há mais esquerda na Europa. O que os jovens vão querer? Vão querer dinheiro! A Europa actualmente é o cheiro do dinheiro, que é tão sufocante e pode vir a ser um grande Macau ou uma explosão enorme», afirma.
A crise na cultura, por outro lado, levará a uma crise na ciência.«A seguir à religião algo virá, porque as pessoas têm dificuldade em viver na solidão, mas o que me assusta é que deste vazio saia o que é ´kitch`, ou o futebol», que considerou a actual grande religião.«Maradona substituiu Pascal», referiu.
Com esta crise, disse Steiner, «não haverá mais Platões, nem mais Mozarts ou Bachs na Europa».«Eles vão aparecer na Índia ou noutros locais do planeta, mas não na Europa. É a vez deles», considerou.
«Vou dizer uma coisa que vai deixar zangada muita gente: uma civilização que mata os seus judeus não recupera», disse ainda Steiner.
Para o ensaísta, a chave para combater este quadro em que «a irracionalidade, a astrologia, o lixo 'new age' estão a flutuar nas nossas vidas», é o Ensino. «Até a nossa sociedade mudar e apoiar os professores, nada de bom acontecerá», salientou.
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"Eu entendo o que aqui escreveste e discordo. E discordo não por inveja dos que têm. Tenho uma situação económica desafogada e como quadro de empresa fiz uma carreira satisfatória.
Até fui membro de um partido de direita. Isto é para que percebas que compreendo o que dizes e que não é a frustração que vai ditar o que a seguir vou dizer.
Não acredito no modelo neo-liberal nem numa globalização auto-reguladora. Também não acredito na face humanista de um monstro que se alimenta do sangue da miséria e do sofrimento alheio. E também não acredito que haja paz e felicidade quando pretendemos edificar uma fortaleza armada no meio de pessoas que não têm o básico para viverem.
Lutei muito comigo própria durante muito tempo. Mas agora, ainda que em convalesvença, vejo claramente que o caminho nunca poderá ser por aí. E sinto-me em paz por assumir isso. Tu justificas-te muito porque dentro de ti próprio, e és um homem inteligente, tens muitas interrogações.
Não tenhas.
Não há que ter medo."
Esquecia-me de dizer. A vítima do "pilhanço" desta vez foi "O Silêncio Culpado"
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