Incisivo, como sempre, M. António Pina levanta aqui uma pontinha do véu sobre o famoso e generoso contributo do governo Bush de 700 mil milhões de dólares para "salvar o mercado" do seu afundamento e consequente catástrofe generalizada. Parece que afinal de contas o mercado não se regula assim tão bem...
E continuamos com aquilo que alguém, bastante antes de Mário Soares, disse que é o capitalismo actual, em particular este neo-liberal: "privatizem-se os lucros, socializam-se os prejuízos!" Nestas condições até eu serei um excelente gestor com direito a chorudas gratificações.
Mas há algo mais por detrás destes 700 mil milhões e que creio que a maior parte do pessoal não vê (e outros não querem ver, sabe-se lá porquê). E é aqui que M. António Pina entra, ao expor o negócio que se esconde com tão grande generosidade. É de crer que, sendo aprovado o dito cujo avanço dos 700 mil milhões, no final quem pagará a crise serão sempre os mesmos. E os causadores dela sairão, certamente, incólumes e salvaguardados. (No texto original sublinhei o que me parece significativo).
29 Setembro 2008
'Auto-regulação', dizem eles
Os fiéis do Deus-mercado parecem ter descoberto de repente as virtudes do Estado Social, devidamente adaptado aos valores da religião do lucro a qualquer preço, e que, em vez de apoiar os pobres, subsidia os ricos. Já tem um Papa. Chama-se Henry Paulson e cabe-lhe a duvidosa glória de ser um dos inventores do capitalismo de casino que agora bateu no fundo provocando a crise financeira que abala a Terra Prometida e arredores.
Depois de 30 anos de especulador na Wall Street, Paulson chegou a secretário do Tesouro e é dele a feliz ideia de pagar com 700 mil milhões dos contribuintes as dívidas e "activos tóxicos" acumulados por empresas falidas, acrescidos de "compensações" milionárias aos gestores que as levaram à falência, assim salvando fortunas como a sua, calculada em 500 milhões de dólares, a maior parte em acções da também falida Goldman Sachs. No Estado Providência neoliberal, quem paga quer as crises quer as soluções das crises do mercado são sempre os contribuintes. Lá como cá, chamam eles a isso (meter os lucros ao bolso e cobrar ao Estado as perdas) "auto-regulação" do mercado.
Depois de 30 anos de especulador na Wall Street, Paulson chegou a secretário do Tesouro e é dele a feliz ideia de pagar com 700 mil milhões dos contribuintes as dívidas e "activos tóxicos" acumulados por empresas falidas, acrescidos de "compensações" milionárias aos gestores que as levaram à falência, assim salvando fortunas como a sua, calculada em 500 milhões de dólares, a maior parte em acções da também falida Goldman Sachs. No Estado Providência neoliberal, quem paga quer as crises quer as soluções das crises do mercado são sempre os contribuintes. Lá como cá, chamam eles a isso (meter os lucros ao bolso e cobrar ao Estado as perdas) "auto-regulação" do mercado.
Manuel António Pina
1 comentário:
Admira-me é que as pessoas não se revoltem efectivamente ... Talvez se se acabasse com o stock de prozac e xanax das farmácias o pple decidisse agir.
Bem apanhado como sempre Touaki...
Abraço,
M.
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