16 julho, 2007

A banhada de Lisboa

Lisboa, capital do defunto Império, foi a votos. E foi a votos por causa das inúmeras trapalhadas construídas não apenas nos últimos 2 anos, mas sim pelo menos nos últimos 10. Trapalhadas essas montadas precisamente pelos mesmos, se não personagens, partidos que agora se apresentaram a sufrágio como os salvadores milagreiros. Mesmo o “independente” Carmona, autor das últimas confusões, disse presente a tão sagrado momento.
E os grandes derrotados foram:
1) Lisboa: entre 1997 e 2007 perdeu 134 452 eleitores, sendo que destes 13 208 foram perdidos nos últimos dois anos.
2) Lisboa: os “suspeitos do costume” voltaram ao local do crime. Não parece crível que quem arranjou as trapalhadas tenha capacidade para as desatar.
3) Lisboa: alguns dos projectos e empenhamentos anunciados parece que são para avançar – frente ribeirinha (J. Miguel Júdice); Gabinete do Chiado (M. José Nogueira Pinto), Parque Mayer e Feira Popular (grande nó cego); terrenos da Portela (e obscuros interesses), etc….
4) Lisboa: com os resultados obtidos a tomada de decisões será muito difícil pois será preciso negociar e muito. Daí que o novo presidente irá certamente utilizar a estratégia da vitimização para nada fazer – a oposição não deixou e não tinha maioria absoluta. Em 2009 então sim, desde que lhe dêem uma maioria absoluta….
5) Os partidos – Os cidadãos de Lisboa resolveram ir a banhos. Para o Algarve e outras paragens. Não se quiseram incomodar. Já sabiam – iriam ter mais do mesmo. A abstenção foi a grande ganhadora. E de que maneira! 62% é obra, é um recado muito bem dado, uma amostra da insatisfação a que os partidos conduziram este povo, e que ele vê e sente que não o representam. Apenas pouco mais 128 000 eleitores deram o seu voto a um qualquer dos 5 partidos mais importantes. Ou seja, apenas 24% do total de eleitores de Lisboa confia nos partidos. É, convenhamos, manifestamente pouco.
6) A grande banhada que foi o discurso de vitória de António Costa acompanhado de José Sócrates, para o “povo” que o vitoriava nas ruas. Foi só para televisão ver. Os alfacinhas seriam poucos. E os eufóricos que agitam a bandeira de tanta alegria vêm de Teixoso, Cabeceiras de Basto e Alandroal. "Não sei ao que vim, ninguém me disse nada", disse uma senhora desdentada do Minho profundo, no Altis.
O resto do país deverá certamente a começar a pensar como os alfacinhas em relação a estes políticos e estes jogos de poder.

2 comentários:

Anónimo disse...

O povo realmente pretende mostrar o descontentamento em relação aos políticos através da abstenção, até na televisão, basta aparecer um político que qualquer tuga que se prese muda logo de canal. Mas na minha opinião devia ser exactamente o contrário, deviam estar atentos a tudo o que os políticos fazem, porque assim deixam-nos à vontade para fazer as merdas que querem,e os maus políticos acabam sempre por ir parar ao poder. Se não pensem comigo: Os políticos que ainda se importam com o povo (sim eu acredito que eles ainda "andem" aí) nunca ganham as eleições precisamente porque quase ninguém vai votar. Resultado: os maus políticos são elegidos porque os indivíduos dos grandes lobbies, empresas e ricos em geral vão todos votar no seu candidato de eleição, que depois lhes retribui generosamente com determinados "favores" e remete o povinho para segundo plano.

Bom blog, continua

João Paulo disse...

Até quando vamos continuar nesta república de macacos? Este modelo de democracia baseada em partidos políticos está claramente esgotado. Cada vez mais se vê que os políticos não andam ao serviço do país, eles andam a mamar nos lobbies deste país.
Como é que apareceram tantos candidatos a concorrer à câmara de Lisboa? É que são todos lisboetas... desde de pequeninos... enfim...

João Paulo

PS: Colega de escola, continua com esse olho "clínico"...