Zapatero
O cenário político das democracias formais do Ocidente está relativamente formatado: há o partido cinzento e o partido pardo e os eleitores tiram à sorte em função de promessas e demagogia. Em Espanha, porém, há alguma diferença.
João Paulo GuerraZapatero governou a Espanha com maioria relativa nos últimos quatro anos e ao fim da legislatura os eleitores consideraram que governou bem. Por não ter maioria absoluta não se coibiu de avançar com medidas fracturantes. E com uma forte oposição de direita seguiu uma política social-democrata, sensível aos problemas sociais como já não se vê na quase totalidade dos partidos socialistas desta metade do mundo. O chamado socialismo, em regra, converteu-se ao neoliberalismo, enjeita a origem da sua designação, que utiliza apenas para enganar incautos podendo mesmo vir a ser acusado de publicidade enganosa ao apresentar-se como socialista simplesmente para arrebanhar votos.
Zapatero tem sido uma excepção. O primeiro-ministro de Espanha, para além de sensível às questões sociais, é um homem de diálogo. Fala com as oposições políticas, com os parceiros sociais e decide por consensos e tendo em conta as críticas. Um caso exemplar. Na hora da vitória, Zapatero prometeu prosseguir as políticas de sucesso do seu governo e corrigir os erros. Ora isto de admitir que se errou é mais uma lição para todos quantos se apresentam como infalíveis e carregados de certezas que se sobrepõem à evidência. Por fim, Zapatero tem sido um governante independente no contexto internacional, que poupou a Espanha à vergonha da vassalagem e à desonra do beija-mão.
Ou seja: a democracia social, a abertura, o diálogo e a independência não estão proíbidos nem sequer fora de moda.
3 comentários:
Não me parece que tenha sido assim.
Zapatero não dialogou com quem devia-Igreja Católica- e "dialogou" com quem não devia-ETA.
Claro que, como tinha maioria relativa, tinha que procurar acordos parlamentares para aprovar as leis. Mas isso é diferente.
E não se vê onde estão as políticas sociais:os portugueses, por exemplo,que foram trabalhar para Espanha foram bem explorados.
Zapatero beneficiou do espectacular crescimento económico de Aznar: neste momento, a economia começa a entrar em crise.
E quanto aos votos: Zapatero obteve votos dos Comunistas e da Esquerda Republicana Catalã-que perderam vérios deputados; e o PP roubou votos a Zapatero, subindo quase 3%.
E a UPD elegeu Rosa Díez, dissidente do PS.
É o começo do fim de Zapatero...
E quanto avassalagem e beija-mão,como explicar que a própria Al Qaeda garantiu que os atentados de 11 de Março visavam derrubar Aznar?
Logo, o terrorismo preferia Zapatero a Aznar!!!
Pode ser que o PM Sócrates leia este brilhante artigo e aprenda alguma coisa.
Abraço
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