11 novembro, 2008

Mais um que procura ver as coisas de forma correcta

Um bom texto, simples mas claro, sobre a questão do ensino. Merece destaque. É do Fernando Sobral e vem na linha de outros que já deu à estampa sobre a temática da educação. Deixo-o aqui na íntegra, retirado do Jornal de Negócios de hoje (11/11/2008).
Por curiosidade, e antes de dar a palavra e o texto ao Fernando Sobral, realço que no mesmo JN logo abaixo está um outro texto assinado por um tal Camilo Lourenço, que de educação não percebe nada (do restante não sei) mas que se arroga ao direito de quase insultar os professores chamando-lhes "maus profissionais". Este é daqueles que certamente usa óculos comprados na feira de Penafiel! E que merecia levar com "um gato morto na tabuleta, até o gato miar"!


Fernando Sobral
O castelo de Kafka
Acreditava-se que o Ministério da Educação tinha sido criado para ajudar as escolas a cumprir a sua função: ensinar os alunos. Com os anos o Ministério da Educação tornou-se num castelo de Kafka: um labirinto burocrático onde até o Minotauro se perderia. O Ministério da Educação tornou-se um monstro cuja única função é hoje tornar impossível o ensino. Pela batuta impulsiva e agreste de Maria de Lurdes Rodrigues, tornou-se no bastião da burocracia.
Entrincheirados neles, génios incompreendidos que há anos não sabem o que é dar aulas, tornaram os professores em burocratas e os alunos em cobaias. O resultado está à vista e a manifestação de mais de 100 mil professores é apenas o sinal visível do desvario ministerial reinante. A ministra não fala de ensino: discorre nervosamente sobre questões laborais, não fala da qualidade das aulas, divaga sobre estatísticas. Quando diz que 100 mil professores nas ruas servem para intimidar os que querem o sistema que impôs, esquece-se que foi só uma minoria de professores que ficou em casa para ser intimidada. O mais grave não é isso: Maria de Lurdes Rodrigues está a ser a coveira do ensino em Portugal. Porque o mais grave é a revolução silenciosa que está a matar o ensino em Portugal: cada vez é maior o número de professores (nomeadamente os mais velhos e que estavam nas escolas apenas pelo amor ao ensino) a reformar-se. Há muito que o Ministério da Educação se transformou no Ministério da Reforma Antecipada. De professores e do ensino.

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