07 outubro, 2008

Encontro de contas???

Ainda e sempre a propósito do "Magalhães". Agora é a vez do Público levantar mais um bocadinho o véu (link no título acima):

O processo terá lesado o Estado em mais de cinco milhões de euros

JP Sá Couto é acusada de fraude e fuga ao IVA
Empresa que produz o computador “Magalhães” vai a tribunal

Bom! Isto é caricato e toca as raias do absurdo! Então o estado não sabia com quem andava a fazer negócio? Não brinquem comigo! E não adianta esbracejar e dizer que a dita cuja empresa ainda não foi condenada e que está inocente até prova em contrário!... Isso é areia para os olhos de papalvos!
Se está sob suspeita de defraudar o Estado então, o Estado não deveria fazer negócios com ela! Se eu tiver um contencioso com alguém meu fornecedor ou cliente em tribunal ou a caminho dele, não irei fazer mais nenhum negócio com esse alguém até o assunto se esclarecer! É do mais elementar bom senso!
Mas isso é coisa que parece não existir lá para as bandas de S. Bento...
Nem bom senso, nem moral, nem ética repúblicana ou política... Vejam-se os belos exemplos de indivíduos com processos em tribunal que se candidataram às câmaras! E venceram! É triste, mas é o povinho que temos! E o povinho que temos merece os políticos que por aí lhe aparecem a distribuir bacalhau a pataco... ou "Magalhães"

30 setembro, 2008

Precisa-se de resposta....

Muita tinta tem corrido em torno do "Magalhães". Propaganda, utilidade, pedagógico ou anti-tal, negócios escondidos, contornos pouco claros, publicidade enganosa, etc., etc., etc.
Eu, na minha modesta ignorância, limito-me apenas a fazer uma pergunta. Uma só! Simples, singela e clara como a água pura e cristalina:
Para o próximo ano lectivo também vão ser "distribuídos" "Magalhães"?
Se não forem isso significa que apenas esta geração de felizes contemplados tem direito à literacia tecnológica e informacional!
Se forem, significa que se vão gastar anualmente cerca de 200 milhões de euros nesta acção?
Quem souber que responda...

29 setembro, 2008

O Estado Providência...

Incisivo, como sempre, M. António Pina levanta aqui uma pontinha do véu sobre o famoso e generoso contributo do governo Bush de 700 mil milhões de dólares para "salvar o mercado" do seu afundamento e consequente catástrofe generalizada. Parece que afinal de contas o mercado não se regula assim tão bem...
E continuamos com aquilo que alguém, bastante antes de Mário Soares, disse que é o capitalismo actual, em particular este neo-liberal: "privatizem-se os lucros, socializam-se os prejuízos!" Nestas condições até eu serei um excelente gestor com direito a chorudas gratificações.
Mas há algo mais por detrás destes 700 mil milhões e que creio que a maior parte do pessoal não vê (e outros não querem ver, sabe-se lá porquê). E é aqui que M. António Pina entra, ao expor o negócio que se esconde com tão grande generosidade. É de crer que, sendo aprovado o dito cujo avanço dos 700 mil milhões, no final quem pagará a crise serão sempre os mesmos. E os causadores dela sairão, certamente, incólumes e salvaguardados. (No texto original sublinhei o que me parece significativo).

29 Setembro 2008

'Auto-regulação', dizem eles


Os fiéis do Deus-mercado parecem ter descoberto de repente as virtudes do Estado Social, devidamente adaptado aos valores da religião do lucro a qualquer preço, e que, em vez de apoiar os pobres, subsidia os ricos. Já tem um Papa. Chama-se Henry Paulson e cabe-lhe a duvidosa glória de ser um dos inventores do capitalismo de casino que agora bateu no fundo provocando a crise financeira que abala a Terra Prometida e arredores.
Depois de 30 anos de especulador na Wall Street, Paulson chegou a secretário do Tesouro e é dele a feliz ideia de pagar com 700 mil milhões dos contribuintes as dívidas e "activos tóxicos" acumulados por empresas falidas, acrescidos de "compensações" milionárias aos gestores que as levaram à falência, assim salvando fortunas como a sua, calculada em 500 milhões de dólares, a maior parte em acções da também falida Goldman Sachs. No Estado Providência neoliberal, quem paga quer as crises quer as soluções das crises do mercado são sempre os contribuintes. Lá como cá, chamam eles a isso (meter os lucros ao bolso e cobrar ao Estado as perdas) "auto-regulação" do mercado.
Manuel António Pina

22 setembro, 2008

E depois não digam que não foram avisados

Um pequeno texto de Fernando Sobral que, não sendo exaustivo nem profundo, toca num dos pontos fundamentais dos erros crassos da deriva neoliberal governativa e, particularmente, na acção mais destruidora de sempre de um Ministério da Educação - sob o manto diáfano da formação de cidadãos úteis à sociedade (leia-se mundo do trabalho) estão a destruir-se pessoas - leia-se seres pensantes.


Fernando Sobral (in Jornal de Negócios, 22/09/08)
Educação económica

A lei da oferta e da procura permite estabelecer a relação entre a quantidade de algo que é oferecido e a demanda que dele existe. Sentindo-se iluminados, sucessivos Governos (e com mais militância socialista, este) têm aplicado os princípios da economia de mercado à educação. O resultado é catastrófico. Como no caso do Lehman Brothers, não é já que vamos pagar a factura das más políticas de educação.

A conta chegará mais tarde. O Governo, alimentado por essa máquina que está a destruir a escola, chamada Ministério da Educação, começou por fechar escolas onde, por razões de oferta e procura, havia poucos alunos. Depois, fez das estatísticas de sucesso a base da regulação do sector da educação. A metáfora do mercado aplicou-se, depois, aos currículos e aos exames: determinando o que é ensinado, como é ensinado e onde e como é ensinado. Tudo em nome da "liberdade de escolha". Enquanto a direita propunha uma escola com disciplina e autoridade, a esquerda preferiu a escolha e a competição. Não contente, o Governo, na sua via para o socialismo educacional, vai afogando disciplinas por falta de alunos: ontem, a filosofia e o latim, hoje, a química. No fundo, em nome das leis da oferta e da procura, o Governo está a matar a capacidade de questionar dos alunos. Isto é, está a acabar-se com a oferta, com a desculpa da procura. Um dia, o país vai necessitar de se questionar. E não vai haver ninguém preparado para fazer perguntas. Só existirão pessoas capazes de debitar respostas que vêm no Magalhães.

19 setembro, 2008

Em Portugal o crime compensa!

Sinceramente, nem me apetece comentar. Apenas pergunto? Num caso destes os ganhos ilícitos vão ficar na posse dos prevaricadores mesmo depois de pagarem a dita cuja multa?
É absolutamente imoral. A multa devia era ser de igual valor, acrescida de n%. Agora percebe-se cada vez melhor porque é que o Partido Socialista não quis o projecto Cravinho contra a corrupção e os ganhos ilícitos!!! Anda muita gente a "mamar" à grande e à francesa!

Do Jornal de negócios de hoje (19/09/2008):


Dezenas de escolas e hospitais pagaram dinheiro a mais por refeições durante 10 anos. Os lucros ilícitos atingiram 172 milhões. Concurso do Casino Estoril pôs fim ao pacto. Ex-gestor denunciou cartel. Para directores, “era normal”. Leia a investigação, que revela os nomes, actos, pactos do Cartel da Cantina. ...[O Jornal de Negócios] teve acesso à acusação entregue pela Autoridade da Concorrência, que encontrou indícios nas buscas realizadas nas empresas.
A haver condenação, este é o maior cartel de sempre apanhado pela Autoridade da Concorrência. Os ganhos ilícitos avaliados para as sete fornecedoras de refeições ao Estado são quatro vezes e meia a multa que arriscam pagar.

18 setembro, 2008

Para onde vão as escolas?

Do discurso da ministra da Educação no acto de transferência para algumas autarquias das responsabilidades sobre as escolas básicas (até ao 9º ano) destaco, no meio da palha daquele discurso pseudo-político, a seguinte passagem reveladora da orientação que se seguirá no capítulo da educação e futuro das escolas:

"O Ministério da Educação mantém hoje as funções gerais de regulação, avaliação e controlo do sistema educativo, bem como de afectação dos professores e dos recursos financeiros para o funcionamento corrente das escolas.
Podemos, no entanto, imaginar facilmente um futuro em que o Ministério da Educação terá apenas funções de regulação do serviço público de Educação."
Se as básicas vão para as Câmaras Municipais, para onde vão as secundárias??
E o que vai acontecer aos professores?

Um doce a quem adivinhar!
Quem tiver pachorra para ler o discurso todo tem o link no título desta posta!

14 setembro, 2008

Não perdem uma...

A propaganda socretina não deixa escapar uma oportunidade para fazer brilhar a pandilha!
Desta vez é o DN que, pela mão de Pedro Sousa Tavares, se presta ao frete - aliás como de costume tantas e tantas vezes. Dizem propósito das colocações em Medicina:
Média da Medicina desceu
Acesso. A média dos últimos colocados em Medicina, nos sete cursos do continente, baixou este ano para 18,18 valores, o que não significou maiores facilidades.
(http://dn.sapo.pt/2008/09/14/sociedade/media_medicina_desceu.html)
Já o Portugal Diário destaca outra realidade distinta:
Medicina: notas voltaram a subir
As notas de acesso aos cursos de Medicina voltaram a subir este ano. Em 2007, alunos com média de 177,5 ainda conseguiram colocação, enquanto que este ano, o aluno com nota mais baixa a conseguir entrar num curso de medicina tinha nota de 179.
(http://diario.iol.pt/sociedade/superior-colocacoes-medicina-universidade-estudantes-mctes/990611-4071.html)

O comentário:
Num caso destes em que as entradas estão limitadas por uma fasquia o que mais interessa é o valor com que o último colocado conseguiu passar a dita cuja fasquia. E este valor é de facto o que importa e não as médias globais de todos aqueles que entraram.
Não seria de esperar ourta coisa que uma subida generalizada das notas tendo em conta o regabofe que foram os exames da 1ª fase, particularmente o de Matemática - importante para os alunos de Medicina, e que todos tinham obrigatoriamente de fazer.
A manipulação das estatística continua de forma perfeitamente descabelada. Se não for propaganda a leitura do JN, então revela um enviesamento de leitura, possivelmente enfocada por lentes pouco adequadas à função.